Após o golpe, Brasil fica mais distante das metas de desenvolvimento da ONU

O Brasil está cada vez mais longe de alcançar as metas de desenvolvimento sustentável da Agenda 2030, acordo firmado em 2015 entre 193 países membros da ONU (Organização das Nações Unidas).

Na época, foram estabelecidos os 17 ODs (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e 169 metas sociais e ambientais com o objetivo de erradicar a pobreza e promover dignidade a todos os cidadãos.

A informação vem do relatório Luz 2018, organizado pelo GTSC (Grupo de Trabalho da Sociedade Civil) para a Agenda 2030.

Para a efetivação do alcance dos ODS, alguns dos principais pontos elencados são a erradicação da pobreza e da fome, redução de desigualdades sociais e promoção de educação inclusiva.

Além dessas questões básicas de promoção de maior civilidade, os ODS apontam medidas como igualdade de gênero, uso sustentável dos ecossistemas terrestres e o combate à mudança climática como fundamentais para alcance das metas.  

O relatório do GTSC dedicou a cada um dos ODs um capítulo específico, com dados atualizados e recomendações da sociedade civil.

Um dos pontos identificados foi o acelerado crescimento da pobreza nos últimos dois anos de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua). A mudança da agenda política do governo federal após o golpe é apontado como forte motivo para o retrocesso.

Em relação à extrema pobreza, o Brasil voltou aos números de 2005 e, em relação à pobreza, aos de 2009. A pesquisa ainda elencou dados que demonstram que o país acentuou as desigualdades. Por exemplo, o 1% mais rico teve rendimento 36,1 vezes maior do que o rendimento médio da metade de baixo da pirâmide social. Como se não bastasse, o índice de desemprego em 2017 chegou a 12,7%.

Ações como o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e a PNATER (Política Nacional de Assistência Técnica), foram fundamentais para que o país saísse do Mapa da Fome, mas, atualmente, esses programas são vítimas do desmonte de políticas para a agricultura familiar e camponesa.

No que se refere à promoção a igualdade de gênero, os dados do Brasil são alarmantes: o país ocupa a quinta posição global no homicídio de mulheres, é o quarto lugar de mulheres casadas até a idade de 15, além de ser o país que mais mata mulheres transexuais e travestis. Meninas de até 17 anos correspondem a 70% das vítimas de estupro.

Com relação ao saneamento básico, são 34 milhões de pessoas sem água tratada, o que reflete diretamente na proliferação de doenças.

O relatório enfatiza que a Emenda Constitucional 95 e a reforma trabalhista do governo golpista aprofundam ainda mais o cenário de desigualdades, como também propagam o crescimento da extrema pobreza e da fome.

O GTSC é formado por 40 membros de diferentes entidades da sociedade civil , como Ação Educativa, Agência Pública, Artigo 19, Rede Nossa São Paulo e o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), dentre outras.