Bolsonaro nega reajuste e ‘despreza’ 1,2 milhão de servidores

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta terça-feira (7), que não haverá aumento salarial para servidores públicos federais em 2022. No final de abril, ele sinalizou com a possibilidade de conceder um reajuste linear de 5%. Mas ontem o Ministério da Economia anunciou que vai utilizar R$ 1,7 bilhão que estavam reservados aos servidores para reduzir o bloqueio nos orçamentos dos ministérios, anunciado no mês passado, de R$ 8,2 bilhões, sob alegação de cumprir o teto de gastos.

Em entrevista ao SBT, Bolsonaro disse que o reajuste dos servidores custaria quase R$ 7 bilhões. O que, segundo ele, “atrapalharia o funcionamento do Brasil”. “Então, eu lamento. Pelo que tudo indica, não será possível dar nenhum reajuste para servidor no corrente ano”, concluiu.

“Se isso se confirmar, o governo demonstrará desprezo por 1 milhão e 200 mil servidores civis ativos e aposentados, seus pensionistas e familiares”, afirmou Rudinei Marques, presidente do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), pelas redes sociais.

Em entrevista ao site Poder360, o dirigente ressaltou que os servidores civis ativos e aposentados, e seus pensionistas, já perderam cerca de 33% do poder aquisitivo desde a última reposição. E caso se confirme a recusa em reajustar os salários, Bolsonaro será o primeiro presidente em 20 anos a não conceder sequer reposição linear ao funcionalismo.

Perdas

As categorias do serviço público federal reivindicam reajuste emergencial de 19,99%. O índice é baseado na reposição das perdas salariais de 2019, 2020 e 2021. Assim, na semana passada, as entidades que representam os servidores públicos federais realizaram um ato em Brasília para pressionar o governo a abrir negociação.

Por ser ano eleitoral, Bolsonaro tem até o dia 4 de julho para sancionar qualquer eventual aumento. Nesse sentido, de acordo com o Fonacate, se encerraria hoje o prazo para o governo enviar ao Congresso Nacional um projeto concedendo o reajuste aos servidores. Mas, segundo o próprio presidente, a promessa deve ficar para o ano que vem, quando provavelmente ele não estará mais na presidência, conforme apontam as pesquisas para as eleições de outubro.

“Não tem dinheiro para reajuste de servidores garantido pela Constituição, mas tem R$ 50 bilhões para fazer populismo e tentar garantir reeleição – mas vai perder no 1º turno”, criticou o deputado federal Alencar Santana (PT-SP). O valor faz referência ao montante que o governo pretende utilizar para barganhar com governadores a redução do ICMS sobre o diesel e o gás de cozinha.

Greve

Com a eleição cada vez mais próxima, o governo federal corre o risco de ver eclodir novas paralisações no serviço público. Os servidores do Banco Central (BC), por exemplo, retomaram na semana passada a greve que haviam iniciado em abril. O estopim da paralisação foi Bolsonaro ter acenado com reajuste apenas para policiais federais. Do mesmo modo, os servidores do INSS também pararam as atividades por cerca de um mês.

 

Fonte: Rede Brasil Atual