Contato ou ingestão de agrotóxicos pode levar à depressão

Em meio ao Setembro Amarelo, mês dedicado a prevenção do suicídio, especialistas alertam a respeito da constante exposição dos trabalhadores rurais a determinados agrotóxicos que podem acarretar a quadros de depressão grave, que pode levar ao suicídio. Cerca de 20% dos casos de suicídios no mundo são causados pelo uso de pesticidas.

A maioria dos casos ocorre em zonas rurais de países com média ou baixa renda. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), há aproximadamente 800 mil casos de suicídio cometidos a cada ano no mundo. Entre os países que mais usam agrotóxicos, está o Brasil, que em 2017 utilizou 539,9 mil pesticidas, de acordo com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama).

Lançado em 2018 pela geógrafa Larissa Mies Bombardi, o Atlas Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia, apresenta informações que após o contato ou a ingestão do alimento infectado por essas substâncias, ocorreram casos de morte e de suicídios comprovadamente associados aos pesticidas.

O Ministério da Saúde registrou aproximadamente 25 mil  de intoxicação por agrotóxicos, durante o período de sete anos, entre 2007 e 2014. Estados do Nordeste, como Ceará e Pernambuco possuem taxas de quase 70% do total de casos em que houve tentativas de suicídio por ingestão das substâncias.

Liberação de substâncias no país é a maior desde 2005

A tendência é de aumento do número de pessoas infectadas por contato ou ingestão de alimentos contaminados, uma vez que o ritmo da liberação da utilização de agrotóxicos no Brasil aumentou. A política adotada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) é de total descaso com a saúde da população, principalmente em relação às substâncias tóxicas nos alimentos.

Ainda no primeiro ano de governo, até agosto, foram liberadas 290 espécies de agrotóxicos para utilização nas plantações do país. De acordo com o Ministério da Agricultura, o ritmo de liberação dessas substâncias é o maior desde 2005. Em maio do mesmo ano, o número de liberados era de 169. Entre maio e agosto foram liberados 121 agrotóxicos. Esse aumento se dá em função de “medidas desburocratizantes” adotadas pelo governo Bolsonaro.