Da FACED à Reitoria da UFBA. Ato contra corte de verbas nas universidades reúne milhares de pessoas

Técnico-Administrativos em Educação, professores, estudantes, parlamentares e integrantes de movimentos sociais e sindicais participaram de um grande protesto, promovido pela ASSUFBA, APUB e DCE, na manhã desta segunda-feira (06/05), contra o bloqueio de R$ 37,3 milhões de verbas destinadas à UFBA, anunciado pelo MEC (Ministério da Educação). O ato começou na FACED (Faculdade de Educação) e seguiu em uma enorme caminhada até a Reitoria da Universidade Federal da Bahia, onde foi dado um abraço simbólico no prédio. A unidade ficou evidente durante a mobilização. “A nossa luta unificou, é estudante junto com trabalhador”, entoaram os manifestantes. 

O Coordenador Geral da ASSUFBA, Renato Jorge, falou sobre o perigo que corre a sociedade com um presidente ultraliberal, que coloca em prática um projeto que só atende às elites. “O governo é preconceituoso, odeia pobres e negros. Também despreza a saúde e a educação. Mas, vamos resistir. Estamos juntos nesta luta”. O sindicalista ainda conclamou a todos para a greve da educação, que acontece no próximo dia 15. “Vamos fazer uma revolução”. 

O reitor da UFBA, João Carlos Salles, participou do ato, assim como o vice-reitor Paulo Miguez, e informou dados sobre o bloqueio das verbas, que custeiam, por exemplo, gastos de água, luz, limpeza. O corte atinge aproximadamente 40 mil alunos. “Para as universidades já combalidas é uma sentença de distribuição”.

João Carlos Salles também fez questão de agradecer o apoio que a Universidade Federal da Bahia tem recebido. “Vimos muita energia, mobilização e a capacidade de defender a UFBA”. 

O estudante da FACOM (Faculdade de Comunicação da UFBA), Felipe Iruatã, acredita que os cortes fazem parte de um projeto neoliberal. “É uma perversidade com a educação. Um sucateamento. Precisamos ir às ruas, fazer greve, nos mobilizar”. 

Durante a passeata, ao passar pelo Viaduto do Vale do Canela, a servidora licenciada da UFBA e deputada federal, Alice Portugal, lembrou que no dia 16 de maio vai fazer aniversário que a Polícia Militar, amiga de ACM, mandou invadir a Faculdade de Direito da Universidade. Não é a primeira vez que governos autoritários, de tiranos, tentam calar a voz da comunidade universitária. Não é a primeira vez que a extrema direita coloca as garras sobre o livre pensamento e o desfile democrático”.

Ao chegar na Reitoria, servidores, professores e estudantes ocuparam a escadaria e a varanda do prédio. Em todas as falas, o descontentamento com a tentativa do governo Bolsonaro de desmontar e sucatear as universidades federais e a educação. O Coordenador de Comunicação da ASSUFBA, Antônio Bomfim Moreira, participou da leitura da carta pública das entidades à população. 

Polêmica

Na última semana, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou que iria cortar recursos de universidades federais que apresentassem desempenho acadêmico fora do esperado e, ao mesmo tempo, estivessem promovendo “balbúrdia”. Além da UFBA, o MEC (Ministério da Educação) bloqueou aproximadamente R$ 40 milhões do orçamento da UFRB, UFOB e UFSB.

Na UFSB (Universidade Federal do Sul da Bahia), o contingenciamento foi de 38% ou cerca de R$ 12 milhões. Já na UFOB (Universidade Federal do Oeste da Bahia), o corte chegou a 33,2%, o equivalente a R$ 11,8 milhões e na UFRB  (Universidade Federal do Recôncavo), a redução foi de 32% ou R$ 16,3 milhões. o federal pelo qual os diretores têm acesso às informações sobre as verbas das instituições de ensino.