Em ato, mulheres dialogam sobre respeito e participação nos espaços de decisão

Trabalhadoras das universidades federais da base da Assufba estiveram reunidas na manhã da segunda-feira (07/03), no Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, durante ato festivo em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado neste 8 de março.

Além das técnicas ativas e aposentadas da UFBA, estiveram presentes representantes da UFRB e UFOB. As trabalhadoras foram recepcionadas pelo coordenador Geral do sindicato, Renato Jorge, que falou da importância do encontro e do debate sobre as questões enfrentadas pelas mulheres nas universidades. Ele lembrou, ainda, que as mulheres são responsáveis pelo maior número de filiação à Assufba.

Eliete Gonçalves, coordenadora de Políticas Sociais da Assufba, foi responsável pela condução dos trabalhos. Na ocasião, ela falou sobre a dificuldade enfrentada pelas mulheres para apresentarem suas demandas na universidade.

A assembleia marcou a criação do Núcleo de Mulheres das Universidades Federais, que irá realizar uma pesquisa para levantar as principais necessidades das trabalhadoras, além de realizar um censo sobre atividade, salário, grau de escolaridade, entre outros aspectos.

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Contribuições

A coordenadora de Desenvolvimento Humano da Prodep, professora Gisélia Santana, parabenizou a Assufba pela realização do evento, que valorizou o trabalho da mulher na universidade. “A luta da mulher é uma das mais difíceis e a mais longa das lutas. A criação do núcleo de mulheres é algo fundamental para que a universidade possa, inclusive, implementar ações que fortaleçam o papel da mulher e ofereça melhor condições dentro da UFBA. Estarei a disposição para o que for preciso nessa pesquisa.”

Segundo ela, o avançando da luta das mulheres está ligado diretamente ao desenvolvimento da sociedade. “Hoje, temos uma pauta de retrocessos no Congresso em relação aos direitos femininos. Eduardo Cunha quer pautar um tipo de família que não cabe na nossa sociedade. Além disso, são homens querendo discutir sobre o corpo feminino e o que podemos fazer ou não”, declara.

Patrícia Vieira, coordenadora da União Brasileira de Mulheres na Bahia (UBM-BA), declarou que a Assufba sempre foi parceira das causas femininas. “Nós, mulheres, estamos em todos os segmentos da sociedade. Muitas vezes, nossa participação é tímida e precisamos vencer isso. O movimento de mulheres alcançou muitos avanços, mas precisamos estar atentas para os retrocessos que estão em pauta.”

Pró-reitora de Ações Afirmativas da UFBA, a técnica-administrativa Cássia Maciel alertou para a importância em ter mais mulheres produzindo conhecimento dentro das universidades. “Queremos estar nas instituições não só no trabalho mecânico. Nós queremos participar dos espaços de decisões, de poder, da produção de conhecimento e pesquisa.” Segundo Cássia, as mulheres precisam, cada vez mais, lutar pela emancipação e o empoderamento.

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Representação

A deputada federal e técnica-administrativa licenciada, Alice Portugal, apresentou dados extremamente preocupantes sobre a situação da mulher no país. “Mesmo com tanta evolução, recebemos 37% a menos dos que os homens, somos o maior número de analfabetos e ainda somos as grandes vítimas de violência e estupros no Brasil.”

Sobre política, Alice declarou que o Congresso deveria legislar mais sobre questões sociais e de combate a violência, mas a pauta está sempre ligada às questões reprodutivas femininas. “Eles querem decidir o que nós, mulheres, iremos fazer com nosso corpo. É um cerceamento absurdo dos direitos das mulheres. Projetos de interesses femininos nem são colocados em pauta”, declarou.

A deputada disse, ainda, que o Brasil é o 158º no ranking dos países com representação feminina na política. “Das 81 cadeiras no Senado, apenas 13 são ocupadas por mulheres. Já na Câmara, das 513 vagas, 51 são ocupadas por mulheres. É um número vergonhoso”, afirma.

Vânia Galvão, vereadora de Salvador e técnica licenciada, lembrou que, infelizmente, as mulheres são subrepresentadas nos espaços de poder. “Queremos mais espaço na política, nos cargos de direção e comando”, afirmou.

Coordenadora Geral da Assufba, Aida Maia comprometeu-se em criar um grupo de trabalho na UFRB para tratar das questões femininas. Posteriormente, as demandas levantadas serão apresentadas ao Núcleo de Mulheres das Universidades.

Após as falas das palestrantes, o auditório apresentou suas contribuições. Ao final, as mulheres presentes receberam flores e um brinde do Sindicato. Além das trabalhadoras, o encontro contou com coordenadores da Assufba e técnico-administrativos empenhados na luta feminina por mais reconhecimento, igualdade e melhores condições de trabalho.