Em crise, HAM não abre mão de repasse municipal

Uma reunião programada para a última sexta-feira, 23, na Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) com técnicos do Ministério da Saúde, a diretoria do Hospital Aristides Maltez e representantes da Prefeitura Municipal de Salvador, para discutir a crise do HAM e avaliar a possibilidade do aumento da verba para tirar o hospital da crise, não aconteceu, por causa da ausência de representantes da Secretaria de Saúde do município.

O episódio agravou a relação entre o município e a direção do hospital. O diretor da instituição, Aristides Maltez Filho disse que espera que no encontro, remarcado para o próximo dia 29, em Brasília, realmente o técnicos da Secretaria Municipal de Saúde compareçam para que se encontre uma saída para a situação.

Mesmo que seja definido um aporte maior de verba após o encontro no Ministério da Saúde, a briga do HAM com a prefeitura vai continuar. Aristides Maltez Filho afirmou que não abre mão de receber toda dívida atrasada e por isso pode até recorrer à Justiça para cobrar o dinheiro. “A situação do Hospital ainda é grave e não podemos abrir mão desta quantia, até porque já prestamos os serviços e a Prefeitura tem que pagar A própria advocacia Geral da União já nos procurou e pode nos representar nesta causa”, adiantou o diretor do HAM.

“A equipe de SUS, que veio de Brasília especialmente para tentar resolver o problema, ficou revoltada e um técnico chegou a declarar que foi uma grande irresponsabilidade. O secretario estadual Saúde Jorge Solla disse que está preocupado com a crise no hospital e já conversou com o ministro Alexandre Padilha, em busca de uma solução, mas avisou que deseja que o dinheiro venha direto do ministério para o Estado repassar ao HAM. Ele chegou a afirmar que a ausência na reunião foi uma estratégia porque o pessoal da Prefeitura tem medo de perder a Plena e deixar de receber a verba do SUS.
. A Prefeitura de Salvador deve mais de R$ 13 milhões ao Hospital Aristides, de atendimento prestado acima do teto, e com a intermediação do Ministério Público foi negociado um acordo com a Secretaria Municipal de Saúde que se comprometeu em pagar parte da dívida relativa a 2010, em três parcelas de R$ 530 mil.

O débito da Prefeitura provocou uma grave crise no hospital que atende 100 por cento pelo SUS. O médico Aristides Maltez Filho chegou a anunciar que o atendimento poderia ser suspenso se a PMS não quitasse o débito. “A situação chegou a tal ponto que se não receber esse dinheiro o hospital pode ter que suspender o atendimento à população carente da Bahia, declarou o dirigente do hospital, na época.

A notícia se transformou numa bomba na cidade. Movimentou a toda comunidade que se uniu em busca de uma solução, mas além do apoio de toda imprensa, da cantora Claudia Leitte, a participação do Ministério Público, através do Procurador Rogério Queiroz, selou o primeiro acordo com o pagamento parcelado da dívida. Depois disso foi assinado um aditivo de três meses no contrato anterior e a Prefeitura já honrou a primeira parcela, restando mais duas a serem quitadas nos dias 20 de Abril e 20 de Maio.

Também o prefeito João Henrique e o secretário de Gilberto José, Secretario de Saúde do Estado, Jorge Solla, foram à Brasília e com toda bancada baiana, se reuniu com o ministro da Saúde quando, após um relato da situação, foi solicitado um aporte maior da verba mensal para ajudar o HAM. O Aristides Maltez é mais antigo hospital de câncer do país, o único que nunca fechou suas portas nem um dia. A instituição completou 60 anos no último dia 2 de fevereiro.

Só no ano passado atendeu doentes de 397 municípios baianos. Diariamente são atendidas três mil pessoas nos seus ambulatórios. Em 2011 realizou 9.267 cirurgias, internou 11.599 pacientes, além de ter feito 169.520 aplicações de radioterapia e 21.717 de quimioterapia.

Fonte: Tribuna da Bahia