Emoções marcam a Roda de Conversa com os estudantes africanos: A importância da Unilab em suas vidas

Discutir os desafios da Unilab, uma universidade pública que tem sofrido severos ataques por parte do governo. Este foi um dos objetivos do Primeiro Ciclo de Diálogos Transatlânticos da ASSUFBA, realizado na manhã desta terça-feira (11/12). Mas, o bate-papo foi além. Saiu do campo da discussão e passou para o da reflexão e da emoção.

Com o tema central Unilab: cruzando a Linha Kalunga de volta para a África, as Coordenações de Políticas Sociais e Anti-Racistas e de Formação Sindical da ASSUFBA realizaram a Roda de Conversa com estudantes africanos: A importância da Unilab em suas vidas.

Baseada nos princípios de cooperação solidária em parcerias com outros países, sobretudo, africanos, a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, que completa cinco anos em maio de 2019, é alvo do governo, que tem feito cortes nos investimentos da instituição.

Mírian Reis, diretora do Campus dos Malês, localizado em São Francisco do Conde, participou da atividade e afirmou que estar na gestão da Unilab é assumir posição política. É lutar pela democratização do ensino e pela equidade.

A diretora enfatizou que o campus é parte da identidade da Unilab. “Estamos sob vigilância. Nos recusamos a aceitar qualquer proposição de destruição deste projeto que vai além da produção de conhecimento”.

A Coordenadora de Formação Sindical da ASSUFBA, Adelmária Ione, destaca a importância da Universidade. “Fui formada dentro de uma lógica de invisibilidade. Estar da Unilab me fez perceber que esse lugar de subordinação não era nosso. É um projeto único. Lá, precisamos atuar de forma diferente. Ter ação além da tarefa”.

A Coordenadora de Políticas Sociais e Anti-Racistas, Lucimara da Cruz, que conduziu toda a conversa de forma muito sensível, destacou a importância do diálogo. “Espero que essa roda seja uma espiral e possamos expandi-la”.

 

A educação que transforma

Quando o líder sul-americano Nelson Mandela disse que “a educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo” ele estava certo. E assim tem acontecido com as experiências na Unilab. Um dos exemplos é o estudante João Dito, que veio da Guiné-Bissau para o Brasil com o objetivo de estudar.

João, que fez o curso de Letras, considera que a integração na instituição já é um aprendizado. “Para mim é uma Universidade que tem dado oportunidades. Se não fosse a Unilab, não teria feito Licenciamento”.

Aluno do Bacharelado em Humanidades, Robert Fox falou sobre os contextos social e histórico da Guiné Bissau e a falta de oportunidade de estudar no país.

Para Robert Fox, a Unilab tem salvado vidas. “A Universidade tornou muitos de nós o primeiro a ter diploma universitário na família. Isso não tem preço. A oportunidade é ímpar. No meu país, não existe universidade pública”.

O depoimento mais emocionado ficou por conta da estudante Sábado Fernando. Às lágrimas, ela contou as dificuldades na área da educação em seu país de origem, além das vividas no Brasil.

Estudante do Bacharelado em Humanidades, Sábado sentiu que através da educação é possível ajudar a mudar vidas. O trabalho de conclusão de curso teve como tema o preconceito e a discriminação contra as pessoas com deficiência dentro da família.

 

Roda de Conversa com muito tempero

Além de muito bate-papo, emoções e aprendizado, ao final da Roda de Conversa foi servido um delicioso almoço africano. Com o sonho de fazer Gastronomia, Sábado se encarregou de preparar a comida. Sem dúvida, o amor e o carinho dedicados foram o melhor tempero.