Estudo do Ipea aponta que 23% da população de jovens no Brasil não trabalham nem estudam

O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostra que 23% de jovens brasileiros não trabalham e nem estudam (jovens nem-nem).

O levantamento realizado em nove países da América Latina e Caribe ainda revela que as mulheres de baixa renda são a maioria dos jovens nem-nem. O Brasil possui um dos maiores percentuais.

Demonstrando o profundo quadro de desigualdades no país, há 49% de jovens que se dedicam exclusivamente ao estudo ou capacitação, 13% só trabalho e 15% trabalham e estudam.

Como se articulam os nem-nem

A pesquisa indica que os jovens nem-nem não necessariamente são ociosos e improdutivos. Destes jovens que não estão no mercado de trabalho e/ou estudando, são 31% os que estão procurando trabalho.

Mais da metade (64%) dedicam-se a trabalhos domésticos e familiares, as mulheres costumam estar à frente nesta questão. Ou seja, esses jovens realizam outras atividades produtivas.

Brasil desigual e políticas públicas

No geral do estudo das regiões da América Latina e Caribe, apenas 3% dos jovens nem-nem não realizam nenhuma tarefa, nem têm uma deficiência que os impeça de trabalhar ou estudar. Entretanto, no Brasil e no Chile esse indicador sobe para 10% de jovens totalmente inativos.

Para mudança deste cenário, o estudo aponta para melhora de serviços e subsídios para transporte e maior oferta de creches para mulheres poderem conciliar trabalho e estudo com as atividades domésticas. Estas políticas são executáveis a curto prazo.

Os pesquisadores do estudo ainda recomendam investimentos em treinamento e educação, além de sugerirem ações políticas para ajudar os jovens a fazer uma boa transição dos estudos para o mercado de trabalho.

Um exemplo brasileiro é o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), que fortalece os sistemas de orientação para os jovens sobre o mercado de trabalho, além de dar continuidade à políticas destinadas a reduzir as limitações com relação à formação de jovens.

A realidade brasileira é de cerca de 33 milhões de jovens entre 15 e 24 anos, correspondente a mais de 17% da população, o que significa um momento de bônus demográfico, quando a população ativa é maior que a população inativa, idosos e crianças.

Sobre o estudo

Os dados integram a realidade de 15 mil jovens, de 15 a 24 anos, em nove países: Brasil, Chile, Colômbia, El Salvador, Haiti, México, Paraguai, Peru e Uruguai. Problemas cognitivos, socioemocionais, obrigações familiares com parentes e filhos, falta de políticas públicas são as principais razões para este panorama dos jovens latino-americanos do estudo Millennials na América e no Caribe: trabalhar ou estudar?.