Fome e desnutrição fazem parte do racismo estrutural no Brasil. Crianças negras são as mais afetadas desde 2015

O racismo e outros tipos de violência veladas no Brasil são estruturais. Mais uma notícia triste que é resultado do crescimento da fome e insegurança alimentar no país. A desnutrição entre crianças de 0 a 19 anos cresceu entre os anos de 2015 e 2021, afetando de forma mais grave os meninos negros. De acordo com o Panorama da Obesidade de Crianças e Adolescentes, divulgado pelo Instituto Desiderata, há um crescimento da fome nos últimos anos, levando à desnutrição em todos os grupos etários, de 0 a 19 anos de idade.

A desnutrição entre meninos negros (pretos e pardos) foi dois pontos percentuais acima do valor observado entre meninos brancos, ampliando a diferença a partir de 2018. O ápice foi observado em 2019 (7,5%). Em 2020, o percentual foi 7,2% e, em 2021, 7,4%. O governo federal, mais preocupado com estratégias de eleição, não olha para a margem da sociedade que está sofrendo pelo descaso e deficiência de políticas públicas.

Já entre os meninos brancos, a curva foi inversa, com redução do percentual da desnutrição a partir de 2019, quanto atingiu 5,1%, passando para 5%, em 2020, e para 4,9%, em 2021. O panorama apontou que o excesso de peso vem crescendo em todos os grupos raciais, mas, especialmente, entre os meninos brancos. O Brasil do mapa da fome, e neste mapa, só cabem pessoas pretas.