Remédios vão ficar até 5,85% mais caros

O governo autorizou, nesta segunda,20, um reajuste entre 2,80% e 5,85% nos medicamentos que têm preços controlados. O aumento passa a vigorar a partir do dia 31 de março e foi calculado com base no comportamento da inflação no ano passado e também nos ganhos de produtividade que os laboratórios tiveram neste período. Pela primeira vez, porém, o governo determinou a redução de 0,25% do preço de quase 9 mil medicamentos, como a ritalina (tratamento do déficit de atenção), stelara (psiríase), o AZT (tratamento de Aids), o antirretroviral Kaleta e os famosos Buscopan, Tandrilax e Dorflex. (Confira a lista completa dos novos preços aqui – arquivo em PDF).
O secretário-executivo da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed), Ivo Bucaresky, explicou que isso só foi possível devido à alta produtividade da indústria em 2011. “Um dos fatores que contribuíram para este salto de produtividade foi o aumento das compras governamentais, impulsionado pela ampliação do acesso aos medicamentos”, disse o executivo.
Entre os medicamentos que podem ter aumento de 5,85%, Bucaresky citou a claritromicina (antibiótico) e o diclofenaco de sódio (anti-inflamatório).
Pela resolução da Cmed, os medicamentos em que os genéricos têm 20% ou mais de participação no mercado serão os que podem ter maior reajuste: 5,85%. Já nos mercados em que os genéricos têm uma fatia entre 15% e 20%, os produtos poderão subir 2,8%.
A categoria de medicamentos que tem menor participação dos genéricos (inferior a 15%) terá de baixar os preços em 0,25%. A maior parte dos medicamentos com preços controlados pelo governo está nesse grupo.
São produtos de uso contínuo ou utilizados no tratamento de doenças graves. Também estão na lista antibióticos, anti-inflamatórios, diuréticos, como Lasix, vasodilatadores, como Viagra e ansiolíticos, como Lexotan. Já os remédios fitoterápicos e homeopáticos, por exemplo, têm preços liberados.
Uso contínuo – Para as pessoas que dependem do uso contínuo de medicamentos, o reajuste autorizado pelo governo, ainda que abaixo da inflação, pesará no já apertado orçamento. É o caso dos aposentados e dos renais crônicos, que, em sua maioria, vivem com um salário mínimo.
Presidente da Associação Pró-Renais Crônicos do Brasil (APRC-Brasil) e diretor da Associação de Renais Crônicos da Bahia, Gerson Barreto diz que existem 5 mil pacientes em tratamento na Bahia. Ele assinala que a maioria recebe os remédios gratuitamente nos postos e farmácias credenciadas pelo governo, mas que, com alguma frequência, precisa pagar pelos medicamentos que faltam nos postos de saúde.
“No ano passado houve oito interrupções na oferta de medicamentos pela rede pública”, queixa-se Barreto, informando que o renal crônico não tem como assumir sozinho um gasto mensal entre R$ 150 e R$ 200 só com medicamentos vitais.
Advogado da Asaprev/Casa do Aposentado e vice-presidente do Conselho Estadual do Idoso, Marcos Barros vê com preocupação o reajuste. “Os benefícios previdenciários já estão tão defasados, que qualquer aumento em um dos itens de sobrevivência do idoso compromete seu orçamento”. Na Bahia existem mais de 1,3 milhão de aposentados e pensionistas.

Fonte: A Tarde