Segundo o Dieese, cenário das negociações coletivas melhora e é mais favorável em 2023

Das 220 negociações, envolvendo diversas categorias, com data-base junho, analisadas até 9 de julho, 85,9% resultaram em ganhos reais nos salários. É o que aponta um novo relatório do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), responsável por acompanhar e analisar as negociações coletivas de diversas categorias.
O departamento observa uma significativa melhora no cenário das mesas de negociação durante o primeiro semestre deste ano em relação a 2022. As negociações coletivas nos seis primeiros meses do ano apresentam uma retomada do quadro favorável, após um longo período de retrocesso e conflito, com medidas contra a classe trabalhadora impostas pelo governo Bolsonaro, resultando em pesadas perdas aos valores reais dos salários.
De janeiro a junho deste ano, cerca de 10% dos reajustes resultaram em ganhos reais acima de 3%. Desses, 25% foram superiores a 5%. A eleição de Lula e o aumento real do salário mínimo pesaram positivamente para melhorar o cenário das negociações.
Entre fatores que contribuíram para este cenário positivo, destacam-se os seguintes:
- a queda da inflação, que facilitou a negociação de reajustes com ganhos reais;
- os reajustes do salário mínimo em janeiro e maio;
- saldo positivo de empregos formais entre janeiro e maio de 2023, com novos 865 mil postos de
trabalho, sobretudo nos serviços e na construção; - mudanças nas expectativas dos indicadores econômicos. A inflação segue tendência de queda e a previsão é de que fique em baixos níveis, fechando o ano em 4,9%;
- crescimento maior do PIB do que o 0,8% esperado no início do ano. No momento, a previsão é
de 2,2%, ainda que a última prévia divulgada pelo Banco Central tenha indicado queda de 2,0% em
maio em relação a abril – resultado que acendeu o sinal amarelo para os próximos meses e, se persistir, para o ano; - No segundo semestre, mantidos o cenário de inflação mais baixa e certo otimismo econômico, como há muitas negociações de categorias com maior poder de mobilização, dos setores mais
dinâmicos, o quadro pode continuar favorável.