Bolsonaro declara que estudantes de federais “fazem tudo, menos estudar”

O presidente Jair Bolsonaro pronunciou a respeito da posição do Brasil no ranking que mede o desempenho dos estudantes em cerca de 80 países, na última quinta-feira (12/12). Durante seu discurso, no lançamento do programa Governo Municipalista, em Tocantins, Bolsonaro aproveitou para criticar, também, as universidades brasileiras, declarando que os alunos “fazem tudo, menos estudar”.

“Entre as 200 melhores universidades do mundo, tem algum brasileira? Não tem! Isso é um vexame! O que se faz em muitas universidades e faculdades do Brasil, o [que o] estudante faz? Faz tudo, menos estudar”, declarou Bolsonaro.

Porém, o presidente ataca e acusa a educação brasileira sem possuir nenhuma evidência que sustente seu discurso. A revista Times Higher Education, responsável pelo ranking THE, em sua edição mais recente, aponta a Universidade de São Paulo (USP) entre as 251° e 300° posições. No entanto, em anos anteriores, a revista já considerou a USP uma das 200 melhores do mundo, no período de 2012 e 2013. Estes dados apenas mostram o quanto Bolsonaro desconhece do funcionamento do país e está preocupado apenas com interesses da elite, quando busca desconstruir a universidade pública de qualidade e incentivar a rede privada de ensino.

Outro dado importante sobre o desempenho das universidades é o QS University Rankings. Também em 2012, a USP se destacou entre as 200 melhores no levantamento internacional. Na edição 2020, publicada em junho deste ano, a instituição foi posicionada na 116ª colocação. Apesar dos ataques e da falta de recursos por parte do governo, as universidades e instituições de ensino públicas resistem desempenhando um importante papel na educação brasileira.

Durante o evento, o presidente ainda disse que o Brasil ficou na última colocação, entre os países da América do Sul, avaliados pela Prova Internacional do Estudante (Pisa), realizada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Entretanto, mais uma vez impreciso, Bolsonaro se equivocou. A última posição ficou com a Argentina. Considerando a América Latina, República Dominicana e Panamá ficaram com as últimas colocações nas três provas avaliadas: leitura, matemática e ciências.

Divulgada de três e três anos, o Pisa apresenta o desempenho dos estudantes de aproximadamente 80 países em temas como ciências, matemática e leitura. O resultado mais recente, de dezembro, coloca o Brasil no nível 2 em leitura, 1 em matemática e também em ciências. A pontuação máxima pela OCDE é 6.