Dia Internacional da Saúde Mental – Brasil ainda tem longo caminho na conscientização e combate aos males da mente

O mês de setembro, escolhido para a campanha internacional do “setembro amarelo” – pelo combate e prevenção ao suícidio – acabou, porém o tema da saúde mental deve ser contínuo, especialmente por aqui. No dia 10 de Outubro comemora-se o Dia Internacional da Saúde Mental, afim de educar, conscientizar e defender o acesso a saúde mental global, além de combater o estigma social acerca do assunto.
No Brasil, quase 10% da população sofre de ansiedade, nos colocando no topo do ranking mundial. Os dados são da OMS (Organização Mundial de Saúde) e ainda apontam que 4 em cada 10 brasileiros sofrerão com algum tipo de transtorno mental durante a vida, ascendendo o sinal de alerta para o estado mental da população do país. Os trabalhadores, sem surpresa, são os mais afetados, chegando a índices preocupantes: No ambiente de trabalho, 37% estão com estresse extremamente severo; 59% se encontram em estado máximo de depressão e a ansiedade atinge níveis mais altos, chegando a 63%. Os dados são da Vittude, plataforma online voltada para a saúde mental e trabalho.
O contexto social, político e econômico cultivado durante os últimos seis anos no país também contribuíram para o panorama atual. O ambiente político hostil e instável promovido pelos últimos dois governos agravou profundamente conflitos sociais, religiosos, políticos e familiares. Com sua ode à violência e um discurso truculento, vulgar e anti-democrático, o (des)governo de Jair Bolsonaro inflamou na população o que havia de pior em diversos setores da sociedade, normalizando o desrespeito, deslegitimando assuntos sérios – como o combate à doenças e a própria saúde mental – e o sucateamento do sistema de saúde universal, o SUS, onde unidades como os CAPES, fundamentais para o cuidado e apoio à parcela da população que necessita do atendimento psicológico, sofreram com profundos cortes de verbas.
Junto a isso, o desastre econômico das gestões anteriores e a promoção de um modelo de mercado trabalhista onde direitos e benefícios básicos do trabalhador são tratados como regalias, sendo retirados e substituídos por jornadas exaustivas e precarização em massa da mão-de-obra nacional resultou numa acentuada crise que tem consequências diretas no estado mental da população. É difícil tentar se equilibrar, manter a saúde mental e física em dia, sustentar a família, pagar as contas e ainda arrumar um tempo para o lazer, porém é fundamental não desistir e priorizar também o bem-estar mental para uma qualidade de vida satisfatória.
Apesar do cenário desolador, as coisas podem e estão melhorando. Segundo pesquisa realizada pela Conexa, também uma plataforma de análise online de saúde física e mental, o estresse e a depressão diminuíram se comparados a 2022: O pânico caiu cerca de 36%; A depressão, regrediu 25% entre as pessoas, e o estresse teve uma queda de incríveis 90%. É preciso lutar por jornadas de trabalho mais justas, planos de saúde mais acessíveis, um sistema de saúde pública menos burocrático e mais eficiente, e, acima de tudo, não enxergar no sofrimento mental – seja ela causado por qualquer transtorno – como um tabu. Falar sobre o assunto é o primeiro e mais importante passo na conscientização e percepção do problema, porém, é preciso também cobrar as autoridades e políticos eleitos por investimento no comabte e prevenção aos males que atingem a mente, pois, ao contrário do senso comum, está longe de ser “frescura”.