Pesquisa do Banco Mundial expõe abismo de oportunidades entre negros e brancos no Brasil

Apesar de serem maioria, constituindo cerca de 56% da população do país, o abismo entre pessoas negras/pardas e brancas no Brasil é alarmante e pode ser representado através de três indicadores: educação, segregação educacional, e discriminação/diferença de salários. É isso o que aponta uma pesquisa do Banco Mundial em parceria com o Afro-Cebrap e o Instituto de Referência Negra Peregum.

A pesquisa, que coleta dados desde março de 2021, demonstra que, nascidos sob um sistema construído para que falhem, a população negra se vê presa em um ciclo de mazelas. A baixa qualidade da educação e a dificuldade de acesso corrobora para que esses indivíduos sejam empurrados para subempregos de baixa qualificação, sem direitos trabalhistas garantidos e com remuneração menor. 

O famigerado fenômeno “nem nem” – utilizado para designar jovens que não estudam e nem trabalham – atinge majoritariamente a juventude negra entre 18 e 29 anos, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad).  Além disso, nos postos de trabalho ocorre uma segregação de ocupações. Mais de 60% dos trabalhadores manuais são negros e, em contrapartida, mais de 60% dos profissionais empregados e empregadores são brancos.

O relatório ainda evidencia que o desemprego no país passa por um corte de gênero e raça intenso. Mulheres negras correspondem a cerca de 47% entre os inativos e quase 9% entre desempregados. Quando se analisa as taxas de inatividade na força de trabalho jovem, elas também são maioria, representando mais de 35% das pessoas entre 18 e 29 anos fora do mercado profissional.

O impacto que toda essa dinâmica segregatória contra a população negra, especialmente nos jovens ainda sem experiência que se deparam com um sistema que não os acolhe, pode ser extremamente danoso: “essa é uma etapa crucial de transição de jovens que acabaram de sair da idade escolar e estão no início de suas trajetórias de trabalho. Esse momento em particular tem grande potencial para impactar suas carreiras futuras positiva ou negativamente”, salienta o estudo.