A voz da mulher na sociedade atual: Entrevista com a enfermeira Luciana Boa morte, Diretora do Serviço Médico Rúbens Brasil

Mulher, preta, enfermeira, mãe, oriunda de uma família de baixa renda e hoje diretora do Centro de Promoção à Saúde Universitária Rubens Brasil (SMURB), essa é Luciana Boa Morte.

Na última quarta-feira (23/03), a gestora participou de uma roda de conversa na Faculdade de Odontologia da UFBA, com outras personalidades femininas importantes da universidade, onde abordaram a trajetória de vida e os desafios de ser mulher no país. Em entrevista para a ASSUFBA, Luciana falou um pouco dos desafios que a sociedade atual impõe na ascensão da mulher, fato que ocorreu com ela. Entre o machismo e o preconceito, Luciana conseguiu driblar a triste estatística das mulheres pretas no Brasil.

ASSUFBA: Para você, qual é o papel da mulher na sociedade atual?

Luciana: A mulher tem o papel de transformar, especialmente em um país que ainda existe as influências do patriarcado, então , é necessário trabalharmos em prol dessa desconstrução. E para ter essa desconstrução é necessário que a mulher esteja atenta e construindo os caminhos para isso. Ocupando os lugares de decisão na gestão e na política, que ainda tem um quantitativo mínimo de cargos eletivos ocupados por mulheres .

ASSUFBA: O que é preciso ainda para conseguir conquistar a igualdade de gênero?

Luciana: Acredito que ainda levará muito tempo para conseguirmos mudar esse estado de invisibilidade feminina e de desigualdade .Mas com a ocupação da mulher nesses lugares de decisão já começa a mudança do perfil tradicionalmente masculino. Porém, mais do que isso, é necessário investir na educação dos meninos desde pequenos .Eles precisam ser ensinados a também fazer tarefas de casa, não só a menina e desconstruir o estereótipo de que só as meninas devem cuidar dos filhos brincando de boneca e os meninos brincando com carros, pois nesse imaginário apenas os homens ocupam esses lugares de poder.

ASSUFBA: No atual governo em que vivemos, você acredita que se tornou ainda mais difícil a inclusão da mulher em papéis de destaque?

Luciana: Sim. É um governo hegemonicamente de homens – e brancos -. É fácil compreender que além de trazer a questão do patriarcado, o racismo também está muito visível. Esse governo, fragilizou ações importantes que garantem a proteção da mulher. Isso pode ser notado quando reduz o orçamento voltado para ações de combate a violência contra a mulher.