A QUEM INTERESSA ATACAR A DEMOCRACIA UNIVERSITÁRIA

O Complexo Hospitalar da UFBA, nucleado pelo tradicional Hospital das Clínicas, foi a primeira unidade a realizar eleições diretas para diretor de um Órgão da Universidade Federal da Bahia.

Vivenciamos uma sequência vitoriosa de gestões eleitas, até uma descontinuidade desastrosa, que sabotou a sua natureza pública no período de 2008 a 2014 e que até hoje guarda consequências sentidas no funcionamento desse hospital-escola.

Em 2014, e mais recente em 2018, foi eleito o Prof. Antonio Carlos Moreira Lemos, cumpridor de todos os requisitos para concorrer ao cargo. As eleições transcorreram sem qualquer irregularidade. O pleito foi acompanhado pela fiscalização dos candidatos, pelo Conselho Gestor do COM-HUPES e pela própria Reitoria.

A disputa foi acirrada, o resultado apertado e o inconformismo com o resultado das urnas, prática em relevo no Brasil e no mundo, foi manifestado antes do fim da apuração.

No concreto, é que NÃO HOUVE FRAUDE NAS ELEIÇÕES, não existe qualquer comprovação de irregularidade e qualquer tentativa de anulá-la é um GOLPE CONTRA A DEMOCRACIA.

A comissão de Normas da UFBA, num relatório inepto, propõe essa anulação. Nos surpreende que a sanha conservadora arraste setores progressistas para o desmonte da legitimidade democrática.

Essa tentativa da anulação da eleição sequer poupa a ilibada reputação dessa casa fundada pelo Reitor Dr. Edgar Santos, disparando um processo que tenta impor a vontade de poder à legitimidade para exercê-lo.

Sites registrados no exterior confirmam um gabinete de ódio, de fake news para desmoralizar o Hospital e os que ali labutam no seu dia a dia.

 

A RAIZ DO PROBLEMA

Há tempos um grupo que mescla a velha aristocracia da cátedra vitalícia, com um modelo de gestão condominial, de supostos estrelados do saber, que em nada colaboram com a manutenção da natureza essencial desta Instituição de formar profissionais de saúde do mais alto gabarito, recitando o binômio docente-assistência, tenta reviver um passado aristocrata e elitista.

O que explicitamente se pretende é tomar as rédeas do HUPES, para privatizá-lo ‘por-dentro’, ou quem sabe, a essa altura, escancaradamente.

O modelo que defendemos é o do SUS. Combinado com a preceptoria formativa e com a garantia de condições dignas de trabalho para seus técnicos e docentes. Esse modelo também deve incluir uma avaliação sobre as prioridades da EBSERH, que cada vez mais, induz uma diminuição de recursos para a área educacional.

 

A GESTÃO

Se hoje há problemas de gestão, esse não deve ser o argumento para a convocação de uma eleição extemporânea. É importante dizer que um suposto indicado, ou um eventual ‘pró-tempore’ ou qualquer outro modelito autoritário que se queira vestir no HUPES, se não for fiel ao derrotado grupelho, sofrerá ataque ao hoje enfrentado por Dr. Lemos. Porque o ataque é ao MODELO PÚBLICO DE GESTÃO.

Os representantes das unidades de saúde, que compõem o Conselho Gestor do HUPES, que hoje corroboram com essa intervenção, talvez desconheçam a resistência de décadas contra essa luta contra a privatização, protagonizado pelos mesmos atores de agora.

O que querem os próceres do conservadorismo? Uma anexação do HUPES à FAMED ou até uma intervenção pela EBSERH? Isso interessa ao modelo público? Isso fortalece a Democracia, hoje em vertigem nas universidades? Isso não poderá servir de precedente para uma intervenção na futura eleição para reitor da UFBA?

Os problemas de gestão devem ser tratados como tal. Propomos um Grupo de Trabalho de Crise, para ajudar a gestão a resolver, sob a ouvida dos setores da vida hospitalar, os problemas que em boa medida nasceram pela mudança de regras administrativas e de uma herança desastrosa da gestão anterior. 

Fazer apologia ao caos e nada fazer para solucionar problemas é muito fácil! A quebra do condão democrático é a pior saída.

Propomos um seminário de fôlego para tratar dessa crise construída, e da crise real. Buscar saídas dentro dos marcos democráticos é responsabilidade de quem defende a Universidade Pública e Gratuita e o Sistema Universal e Único de Saúde.

Vale lembrar que os Técnico-Administrativos em Educação já aprovaram, em Assembleia Geral realizada pela ASSUFBA, a defesa da democracia e do resultado do pleito eleitoral ocorrido no COM-HUPES, que expressa a vontade da categoria.

No curso de uma pandemia, defenestrar a mais importante Instituição de assistência, ensino e pesquisa da Bahia, além de um ato irresponsável é um desrespeito aos milhares de pacientes dos quatro cantos do Estado, que batem à porta do velho e querido HOSPITAL DAS CLÍNICAS em busca da sua EXCELÊNCIA.

E essa EXCELÊNCIA não é atributo de alguns iluminados. É fruto de um trabalho árduo e coletivo.

 

Coordenação da ASSUFBA Sindicato