Adilson Araújo: O movimento sindical tem a responsabilidade de enxergar que temos muito a fazer para retomar os caminhos do crescimento econômico do país

A nova direção nacional da CTB foi eleita por mais de 1,2 mi delegados e delegadas que participaram do 4º Congresso Nacional da CTB, ocorrido em Salvador. O mandato vai de 2017 a 2021. O presidente reeleito, Adilson Araújo, em entrevista à ASSUFBA SINDICATO, falou sobre os desafios da Central, diante da conjuntura política e econômica do país.

 

ASSUFBA: O Congresso Nacional da CTB, realizado pela primeira vez em Salvador, celebrou os 10 anos da Central. Qual é a importância do evento nesta atual conjuntura política e econômica do país?

Adilson Araújo: A Bahia é um importante celeiro de lutas. A CTB tem como início da sua construção um congresso da antiga CSC, e, em articulação com um conjunto de forças políticas, soube canalizar esforços no sentido de edificar um projeto de uma central classista, democrática, internacionalista e de luta. A CTB celebra os 10 anos com um congresso e um seminário internacional, buscando os efeitos da grave crise internacional e compreendendo a importância do momento em que o Brasil vive.

 

ASSUFBA: Diante da instabilidade do país, a CTB tem ainda um desafio maior de ampliar a mobilização e a unidade dos trabalhadores para alterar a correlação de forças. Não é?

 

Adilson: Estamos mergulhados em uma profunda instabilidade política, que vai exigir que os trabalhadores apontem caminhos para dar respostas à altura às reformas trabalhista e previdenciária. O movimento sindical tem muita responsabilidade em saber enxergar que, mais do que nunca, temos muito a fazer para retomar os caminhos do crescimento econômico, com um projeto que valorize trabalho e o trabalhador.

 

ASSUFBA: O governo emplacou uma agenda regressiva. Segue trabalhando para aprovar medidas do seu interesse. Agora, a base de Temer corre para fazer a reforma política, que tem de ser aprovada até o início de outubro, para poder ditar as regras do jogo para as eleições de 2018. Qual é a opinião da CTB?

Adilson: Nós temos um quadro de muita imprevisibilidade. Estamos diante do Congresso Nacional mais venal da história do nosso país e as forças que advogam os seus interesses tentam implementar uma reforma política que vai dificultar mais ainda a possibilidade de eleger um candidato vinculado à luta dos trabalhadores. A reforma política pode promover um retrocesso. Precisamos resistir. Não é concebível que a medida venha a sugerir, de alguma maneira, um desequilíbrio, um desencontro com a formação social do nosso país.

 

ASSUFBA: O que pode acontecer se a reforma for aprovada?

Adilson: Se o Congresso for entregue aos interesses do grande capital, do latifúndio, do rentismo, e podar a possibilidade de termos a legítima representação popular, certamente, será a reprodução daquilo que vem se verificando a partir do golpe institucional, que promoveu a ruptura ao Estado democrático de direito, e vem advogando uma agenda ultraliberal. A reforma merece, sim, a atenção por parte da classe trabalhadora e nós precisamos de, alguma maneira, intervir na política para também termos formas de garantir a nossa sobrevivência. É uma reforma política regressiva que vai dificultar ainda mais a participação dos partidos de esquerda, progressistas, daqueles que lutam por um Brasil mais humano e menos desigual.