Alunos, professores e servidores da UFBA falam sobre rotina após cortes

As medidas adotadas pela Reitoria da Ufba para tentar conter os gastos está presente no dia a dia dos estudantes, servidores e professores da instituição. De acordo com funcionários, em alguns campi falta água e papel, enquanto em outros a restrição é quanto aos ares-condicionados.

“Quando eu vou para lá (campus de São Lázaro), nunca sei se vai ter água ou não. E o que tem acontecido muito é desmarcar aula. Principalmente agora com as chuvas, as salas estão alagando”, afirmou Bruna Miranda, do 5º semestre de Psicologia.

Professores também relataram algumas dificuldades de trabalho. “Quando precisamos fazer um evento fora da faculdade, ou na própria Facom, esbarramos em algumas restrições orçamentárias. As dificuldades existem”, contou o professor Sérgio Sobreira, da Faculdade de Comunicação.

O vice-diretor do Instituto de Física, Alberto Brum, afirma que tem deixado parte das lâmpadas dos corredores apagadas e que as luzes dos sanitários não ficam mais acesas o dia inteiro. “Com esse clima frio, não é preciso ligar o ar-condicionado e quase não usamos mais papel”, admite. Apesar das reclamações, muitos funcionários e professores dizem ser solidários ao problema e buscam ajudar na contenção de despesas.

Greve pode ser anunciada depois de assembleias

Diante da situação de crise, professores e servidores da Ufba podem paralisar as atividades já na próxima semana. As associações que representam as duas categorias marcaram assembleias para a próxima quinta-feira. Apesar de não estarem combinadas, ambas têm indicativo de greve e acompanham o movimento dos sindicatos nacionais.

De acordo com o coordenador de comunicação do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Universidades Públicas Federais baianas (Assufba), Valmiro dos Santos, os servidores aguardam a reunião da federação que representa os sindicalistas de todo o país (Fasubra) para definir se eles entram em greve.

“Nesse fim de semana, haverá uma plenária em Brasília. Vamos aguardar para ver o que será decidido, mas a reunião da próxima semana já tem indicativo de greve”, avisou.

Ainda segundo ele, a pauta de reivindicações está sendo elaborada e será unificada aos dos outros sindicatos do país. Dentre os pontos que devem ser considerados está a correção salarial em torno de 27%. Ontem, os servidores realizaram uma assembleia no campus de São Lázaro, na Federação, para avaliar o indicativo de greve.

O Sindicato dos Professores de Instituições Federais de Ensino Superior da Bahia (Apub) confirmou a assembleia na quinta-feira, mas não comentou o assunto. “Os professores têm assembleia marcada para discutir o indicativo de greve no dia 28 de maio, portanto, antes dessa data não temos nenhuma resposta definitiva sobre esse assunto”, disse.

No entanto, estudantes contaram que o clima na universidade é de paralisação. “Os professores estão anunciando muito a greve. Tanto na Politécnica quanto em São Lázaro já tem várias faixas. Todos dizem que estão sem condições de ensinar”, contou Bruna Miranda, aluna de Psicologia.

A pauta de reivindicações foi unificada através do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes). Dentre os pontos estão: reajuste salarial de 27,3%, paridade salarial entre ativos e aposentados, extinção do fator previdenciário e fim da terceirização.

Questionado sobre a possibilidade de greve, o reitor se mostrou tranquilo. “Ela  não é vista como uma ameaça. A Reitoria vai sempre estar aberta para conversar com os movimentos e se alinhar na busca por soluções”, afirmou. Em 2012, a greve de professores durou 108 dias.

Fonte: Correio da Bahia