Dia do Fogo em apoio às ideias do governo Bolsonaro de “afrouxar” fiscalização

Um grupo com cerca de 70 ruralistas da região de Altamira (PA) foi responsável pelo Dia do Fogo, como ficou conhecido, que ocorreu nos dias 10 e 11 de agosto. O ato foi marcado para mostrar ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) o apoio em relação às ideias de “afrouxar” a fiscalização ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), órgão pertencente ao Ministério do Meio Ambiente.

O Dia do Fogo foi uma série de queimadas criminosa na região em que lidera o número de incêndios e desmatamento no Brasil, Altamira (PA). Três dias antes do incidente, o Ministério Público Federal (MPF) do Pará enviou um ofício ao Ibama, para que fossem notificados sobre a pretensão de produtores rurais em realizar as queimadas. O documento ainda cobrava um plano de contingência do Ibama em caso de confirmação do ato.

Assim como seu líder, os ruralistas acusados pelo crime adotaram outra versão sobre as queimadas: culparam as organizações não governamentais (ONGs). Os fazendeiros da região acusam o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O órgão é visto pelos bolsonaristas como inimigo do governo e vêm sofrendo intervenções e desestruturações pelo Ministério do Meio Ambiente.

Câmara vota projeto para liberar pecuária em terra indígena

Enquanto ruralistas e até mesmo o presidente do país acusam sem a utilização de provas ONGs de causarem as tragédias dos últimos dias, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Felipe Francischini (PSL-PR) pautou para esta terça-feira (27/08) a votação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que autoriza a exploração da agricultura e da pecuária em terras indígenas.

A PEC, que teve parecer favorável do relator, o deputado ruralista Alceu Moreira (MDB-RS), que diz que demarcar a terra não dá dignidade ao índio, que vive de “esmola” ou de programas de transferência de renda. Francischini é adepto ao discurso de que é preciso ocupar a região para garantir a soberania a respeito da Amazônia, comum entre bolsonaristas.

Neste ano, o governo Bolsonaro foi derrotado duas vezes na tentativa de transferir a demarcação de terras da Fundação Nacional dos Índios (Funai), órgão do Ministério da Justiça e Segurança Pública, para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.