Em meio à reforma da Previdência de Bolsonaro que quer criar regime de capitalização, servidor da UFBA conta experiência negativa sobre fundo de pensão

Edvaldo Azevedo dos Santos é servidor Técnico-Administrativo em Educação da Universidade Federal da Bahia há 48 anos. Em determinado momento de sua vida, lhe foi apresentado o fundo de pensão Capemi como uma solução para complementação da aposentadoria. Anos depois, o servidor se viu lesado com o valor irrisório recebido. Pior. Teve de contribuir pelo dobro de anos estipulado no primeiro contrato e arcar com o fim dos recebimentos antes do tempo. Em entrevista à ASSUFBA Sindicato, Edvaldo contou sua experiência com o fundo de pensão, esboçou sua preocupação com a reforma da Previdência do governo Bolsonaro e a proposta do regime de capitalização de Paulo Guedes, semelhante ao Caixa de Pecúlios, Pensões e Montepios Beneficente – Capemi, que ao fim foi um grande prejuízo para o servidor. 

 

ASSUFBA: O governo Bolsonaro enviou ao Congresso Nacional a reforma da Previdência, que prejudica os servidores e trabalhadores em geral. Qual é a sua opinião sobre o assunto?

Edvaldo Azevedo: Bom, na verdade, são tantos itens, a quantidade de informações é tão grande que a gente precisa analisar com cuidado. Eu sei de antemão que alguns direitos serão retirados dos trabalhadores e esses direitos a gente tem de lutar para que o Congresso Nacional e a oposição ao governo mantenham a Previdência Social como é. Por isso, nós temos de estar muito atentos, discutir e criar o maior número de obstáculos possíveis.

ASSUFBA: A reforma da Previdência propõe ainda um regime de capitalização, que não teve sucesso em outros países, como o Chile. O senhor já teve uma experiência parecida. Conte-nos um pouco como foi.

Edvaldo Azevedo: Foi o fundo de pensão Capemi. No início quando eu fiz a proposta era que seria uma aposentadoria, em que a gente teria um valor permanente. Eu fiz um contrato com a Capemi, com duração de 10 anos.  Depois de pagar 10 anos eu procurei a Capemi para saber o andamento, então eles mudaram a regra do jogo e eu tive de pagar mais 10 anos, portanto paguei 20 anos. Quando eu completei os 20 anos eu procurei novamente a Capemi e eles me falaram “Olha, na verdade o que você tem direito aqui é de aproximadamente R$ 3 mil, que eu teria o direito de pegar esse dinheiro todo de vez ou um valor permanente fixo, que seria cerca de R$ 75,00, mais ou menos. Aí eu fui recebendo vários anos. Em um determinado momento parou de entrar o dinheiro na conta e eu procurei novamente a Capemi, passei um e-mail, etc. Aí me explicaram que na verdade, aquele fundo que eu tinha acertado tinha um valor fixo e determinado, que eu tinha de receber um determinado número de parcelas e quando completasse o número de parcelas eu não receberia mais nada. De 2015 pra cá eu não recebi mais nada do fundo de pensão Capemi. É importante lembrar também que não houve correção.

ASSUFBA: Então, na sua visão, o servidor deve ficar atento e não cair nessa armadilha?

Edvaldo Azevedo: Essa questão pode ter valores e tempo determinados. Quando acabar, o servidor vai ficar a ver navios. Essa proposta, ao me parece, é o que está aí de pé.

ASSUFBA: Para o senhor, a resistência é a única saída para impedir a aprovação da reforma da Previdência?

Edvaldo Azevedo: Eu acho que o caminho para resistência é pelo Sindicato. O Sindicato está vivo! Então o servidor deve estar filiado e participar de todas as ações junto ao Sindicato e aos políticos que defendem o servidor. Fazer uma ação para dar apoio a eles nessa luta e procurar fazer o máximo possível para reverter o quadro porque realmente está alarmante toda a situação do país e não apenas a reforma da Previdência.