Entidades que representam os servidores públicos planejam reação a cortes anunciados pelo governo

Dirigentes da CTB, da Confederação dos Servidores Públicos do Brasil (CSPB) e outras entidades representativas de servidores públicos federais se reuniram na terça (15), em Brasília, para discutir os cortes no Orçamento para 2016 que afetam diretamente os trabalhadores do serviço público brasileiro. O debate girou em torno do congelamento de reajuste para os servidores, da suspensão de concursos públicos e a economia de gastos na saúde, anunciados pelo governo federal na segunda-feira (14).

O cancelamento dos reajustes à categoria, previsto para janeiro do próximo ano, terá um impacto estimado em R$ 7 bilhões nas despesas. A intenção, segundo o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é gerar R$ 26 bilhões de economia aos cofres da União. Segundo os dirigentes, a ação do executivo em tomar decisões, consideradas, impositivas, sem ouvir a categoria, foi decepcionante, tendo em vista que havia ambiente favorável a negociações.

O secretário do Serviço Público e dos Trabalhadores Públicos da CTB, João Paulo Ribeiro, informou que a CTB estará junto com os servidores para combater as medidas punitivas de arrocho que cortarão investimentos no serviço público e na área social.

“Consideramos que está havendo um desmonte do estado, como ocorreu na época de FHC, onde os servidores públicos federais ficaram oito anos sem reajuste. O governo deveria ouvir os trabalhadores públicos antes de agir, porque nós é que sabemos onde dá para apertar. Não é de forma autoritária, sem consulta prévia ou uma proposição à categoria, que iremos construir um consenso”.

JP garantiu que a central irá lutar, inclusive, contra o cancelamento dos concursos e o corte do abono permanência (reembolso da previdência ao funcionário público que está em condição de aposentar-se mas opta por continuar em atividade). “Eles vão cancelar concursos enquanto estamos precisando de mais servidores para atender à população”, afirmou João Paulo.

O presidente da CSPB, João Domingos, declarou que a entidade buscará junto ao Congresso Nacional reverter essas decisões, que segundo afirma, foram tomadas “unilateralmente”. Domingos disse ainda que a confederação, em parceria com a CTB e outras organizações, tentará reabrir o diálogo com o governo. “Se o executivo estiver disposto a nos ouvir, nós o ajudaremos a conter até mais despesa do que ele propôs, mas com as medidas corretas – não simplistas como essas”, pontuou o dirigente.

A CTB promoverá ações estratégicas de combate e em protesto contra o arrocho direcionado à classe. Uma delas é a Campanha Pela Valorização dos Servidores e do Serviço Público, com lançamento marcado para o dia 14 de outubro. A central também propôs o relançamento da Frente Parlamentar em Defesa do Serviço e do Servidor Público, intermediado pela deputada e também servidora pública federal, Alice Portugal (PCdoB/BA), previsto para ocorrer no próximo mês.