Estudantes e servidores da Ufba denunciam casos de zika e fazem mobilização

Na entrada da Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia (Ufba), no campus de Ondina, um cartaz estendido pelos estudantes avisa: “Interditada pela Vigilância Estudantil”. A mensagem é simbólica, mas, na prática, não há mesmo aulas lá desde quinta-feira, quando os alunos iniciaram uma mobilização, após casos suspeitos de dengue e zika vírus aparecerem entre alunos e servidores.

“Desde que começou a chuva, pelo que a gente notou, foram 32 casos”, diz o estudante do 5º semestre Victor Bastos, 23. A estudante Milena Sampaio, 30, conta que passou dez dias sem ir às aulas depois de contrair o zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, mesmo transmissor da dengue e da chikungunya. Milena tem certeza que foi picada na Ufba. “Eu fiz aula no dia 13 de manhã e, no final da tarde, já me senti mal”, lembrou.

O mesmo aconteceu com a auxiliar de limpeza Tairine Azevedo, 22. Ela e mais três funcionários adoeceram. “Fiquei a semana passada mal, não consegui vir trabalhar e hoje (ontem) um colega já foi embora com os olhos bem inchados”, contou.

A escola tem 300 alunos. Além da mata que há atrás e na frente do prédio, atrás passa um córrego com esgoto e, ao lado, há um prédio abandonado.

“O prédio passou a ser almoxarifado e serve de depósito de material que vem de todos os prédios da Ufba. Mas não tem janelas nem portas, daí, quando chove, enche de água, o que vira foco do mosquito”, diz a estudante Iasmin Salume, 21, também do Diretório Acadêmico.

Os estudantes reclamam também de janelas quebradas no  prédio de Dança, o que facilita a entrada de mosquitos e até animais maiores. “Morcegos entram aqui de noite e ficam as fezes no chão”, aponta a estudante Carolina Vasconcelos, 25, do Diretório Acadêmico. Ontem pela manhã, os professores se reuniram no prédio.

A professora Carmen Paternostro apoiou os alunos. “A mobilização deles é legítima”, disse. Apesar das queixas, a Ufba negou, por assessoria, a existência de casos de dengue no campus e disse que está em ação o programa Ufba Contra a Dengue, com uma  limpeza de focos nos campi.

Por outro lado, a coordenadora do Programa Municipal de Combate à Dengue, Isabel Guimarães, afirma que o local é, sim, foco constante de dengue. “Lá tem mosquito, sim. A gente visita quinzenalmente, sempre encontrando focos. Eu, inclusive, estou mandando uma equipe para lá esse final de semana porque recebi solicitação  de alguns diretores das unidades”, afirmou Guimarães.

A assessoria da Ufba afirma  que já iniciou ações emergenciais, como um mutirão de limpeza na área externa; conserto da rede de esgoto que fica atrás do prédio, já iniciado pela Embasa; reforço na fiscalização de transeuntes que poluem o entorno do prédio; vistorias e dedetização e instalação de telas nas janelas.

Sobre o prédio com obras paradas, que abrigaria as aulas do curso, a assessoria informou que as obras iniciaram na gestão do antigo reitor Naomar de Almeida, e que a previsão de conclusão era de 2013, mas a empresa contratada faliu. Em breve, o material vai ser retirado de lá, mas não há prazo para conclusão da obra.

Fonte: Correio*