Governo Federal e grande imprensa retomam campanha em defesa da EBSERH

Aliança do governo Dilma Rousseff (PT) com a grande imprensa prepara o caminho para a privatização dos Hospitais Universitários em todo o país

Pela terceira semana seguida, a Rede Globo está agindo como procuradora do Governo Federal e das grandes empresas da área da saúde privada, interessadas nos negócios milionários prometidos pela EBSERH.

A edição do dia 16 de setembro do Jornal Nacionalmostrou os Hospitais Universitários em decadência, caindo aos pedaços, com carência de pessoal e de recursos. Em seguida, a reportagem tendenciosa mostrou também a suposta “solução milagrosa” para todos os problemas: a EBSERH, ou seja, a privatização.

Mais lucros para o setor privado

Essa coalizão formada entre o governo federal e a grande imprensa (chamada de “mídia golpista” quando convém ao governo) tem o objetivo de ganhar a consciência da população para a privatização. A EBSERH é apresentada como única alternativa viável para a crise dos hospitais universitários.

Na verdade, a EBSERH não soluciona problema algum: apenas retira a responsabilidade do Estado na manutenção da saúde pública e transfere essa responsabilidade para a iniciativa privada.

O objetivo da EBSERH é fornecer um novo mercado (a área de alta complexidade ligada às universidade públicas) para a valorização dos capitais das grandes empresas nacionais e estrangeiras que exploram a saúde no país. Não é à toa que o Brasil inscreveu nos últimos anos dois novos bilionários no ranking mundial, ambos da AMIL: os planos de saúde e demais empresas que exploram o sofrimento da população brasileira estão ganhando rios de dinheiro.

Quais são as consequências da privatização?

O caso recente da comercialização de leitos e de vidas na UTI do Hospital Evangélico é uma pequena mostra do que o capitalismo é capaz de fazer. Para auferir mais lucros, os capitalistas são capazes de qualquer coisa. Embora a imprensa tenha pintado a médica Virgínia como um “monstro”, uma criatura sobrenatural, ela é na verdade a representação banal, comum, dos muitos espertalhões que exploram determinadas “áreas comerciais” em busca de lucros a qualquer custo. Quando a saúde vira mercadoria, o capitalista se comporta como se estivesse traficando drogas, vendendo sapatos, fabricando automóveis: não importa que sejam vidas, o que importa é o lucro.

Vimos outro exemplo recente no Instituto Federal de Educação do Paraná: o IFPR. Foram desviados milhões de reais dos cofres públicos através de maracutaias entre “servidores” da instituição e as chamadas “OSCIPS”, que supostamente seriam “Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público”. Na verdade, como todas as outras formas camufladas de privatização (OSs, PPPs, Fundações Estatais), as OSCIPS não passam de organizações para a promoção de interesses particulares, privados, expressamente contrários ao interesse público.

Finalmente, a “falência” da empresa terceirizada ADMINAS, que deixou mais de 60 mães e pais de família sem salários e sem empregos no HC, mostra a primeira consequência social da privatização: salários de miséria, condições de trabalho subumanas, instabilidade no emprego, assédio moral e humilhação permanentes, regime de semiescravidão, sujeição a sindicatos pelegos e patronais, impossibilidade de lutar e reagir contra a exploração.

Os ataques aos trabalhadores do HC já começaram

Os preparativos sorrateiros para a tentativa de imposição da EBSERH no Hospital de Clínicas da UFPR já começaram.

A primeira medida contra os trabalhadores foi adotada pela ex-Diretora-Geral, Heda Amarante: o corte das refeições dos trabalhadores no refeitório do HC. Esse direito conquistado a duras penas pelos trabalhadores é incompatível com o regime de um hospital privado. Por isso, foi a primeira conquista a ser atacada.

Em seguida, o novo Diretor-Geral do HC, Flavio Tomasich, e a Reitoria da UFPR, declararam guerra contra a jornada de 30h dentro do hospital.

O Diretor-Geral concedeu entrevista para a Rede Globo, insinuando que o problema dos leitos vazios é o fato de que os trabalhadores cumprem jornada de 30h. A declaração não poderia ter sido mais revoltante, visto que o problema do HC não é a jornada de trabalho, e sim a carência de pessoal, problema que se resolve facilmente com a abertura de concurso público pelo governo. Por qual razão a presidente Dilma não ordena a abertura imediata de concursos públicos, como prometeu em sua campanha eleitoral?

Mudança nas escalas de trabalho, no regime de plantões é preparativo para a EBSERH

A terceira medida contra os trabalhadores é a recente alteração nas escalas de trabalho, no regime de plantões, horas-extras, APHs e na imposição do uso do cartão ponto em setores em que até então ele não era usado.

Todas essas investidas contra as condições de trabalho estão a cargo de Wilson Messias, ex-presidente do sindicato, que após receber um cargo de confiança (a gerência da UAP), se transformou num fiel capataz, num agente da exploração do trabalho dentro do HC.

Todas as medidas tomadas até agora por Wilson Messias, em particular sua furiosa perseguição contra os trabalhadores da FUNPAR, que estão sofrendo corte de ponto por participar de atividades do sindicato, mostram que ele será o “capitão do mato” de uma futura gestão privada.

A resistência e a luta contra a EBSERH é o único caminho

A Direção do Sinditest está atenta a toda essa movimentação praticada contra os trabalhadores através do conluio entre o setor privado, governo federal, Direção-Geral do HC, reitoria da UFPR e seus novos capatazes.

Não haverá ataques contra os trabalhadores sem uma resposta enérgica da categoria.

A paralisação do dia 11 de julho e a paralisação do dia 30 de agosto mostraram que os trabalhadores estão mobilizados e que não nos custa nada promover uma forte greve no Hospital de Clínicas para defender as conquistas sociais dos trabalhadores e da população.

Engana-se o novato Diretor-Geral do HC e seu capataz Wilson Messias se acreditam que vão impor esses ataques aos trabalhadores sem enfrentar uma resistência encarniçada, com greves, paralisações e protestos.

A Direção do Sinditest está preparando o lançamento de uma grande campanha contra a EBSERH, que envolverá toda a população da cidade, através de jornais e do rádio, panfletos e jornais, para revelar para a sociedade a barbaridade que o governo privatista do PT e seus aliados estão planejando para o HC da UFPR.

Seria mais sensato por parte da Administração Superior da UFPR e do HC se abrissem mãos dessas manobras de bastidores contra os trabalhadores e respeitassem a decisão do Conselho Universitário, que rejeitou a EBSERH.

Um chamado para a luta

A todos os trabalhadores e trabalhadoras do Hospital de Clínicas da UFPR fazemos um apelo: preparem-se para novas jornadas de luta em defesa do SUS, em defesa da Autonomia Universitária, em defesa do HC como hospital público, como hospital escola. Preparem-se para novas lutas contra a EBSERH, contra o governo federal, e contra os agentes da privatização encastelados nos cargos de chefia e de administração do hospital.

Tudo o que conquistamos nesse país foi em decorrência de muita luta e de muita mobilização. E é com a luta que manteremos nossas conquistas.

Fonte: Sinditest-PR