Hospital da UFBA fará procedimentos para mudança de sexo

Nascida em Ilhéus, moradora de Pirajá, professora de educação física, integrante da Antra – Articulação Nacional de Travestis e Transexuais e militante da causa LGBT na Bahia. Este é o perfil de Zelza Silva, 26 anos, que aos 18 se descobriu feminina em um corpo de homem.

Zelza procurou orientação médica na época, mas foi informada que só aos 21 anos poderia transformar o corpo. Agora, almeja fazer o processo transexualizador pelo Sistema Único de Saúde (SUS) assim que o procedimento passe a ser realizado no ambulatório do Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes).

Em processo de habilitação pelo Ministério da Saúde, a unidade da Universidade Federal da Bahia (Ufba) terá o primeiro ambulatório transexualizador na Bahia – para procedimento de mudança de sexo – de homem para mulher e vice-versa.

Segundo a endocrinologista Luciana Barros, há alguns anos a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) tenta implantar o serviço no hospital, mas só em 2014 retomou o projeto.

“Não há serviços de atenção no processo transexualizador na Bahia, nem na rede privada. Alguns pacientes são atendidos em outros estados, mas são poucos credenciados para atendimento pelo SUS”, diz a médica, que integra o Comitê Técnico  de Saúde LGBT do Estado da Bahia. O Hupes já capacita pessoal e ela estima que o atendimento inicie em outubro. “Aguardamos o parecer do ministério”, explica.

Funcionamento

O agendamento será realizado no Hupes pelo Sistema Vida, da Prefeitura de Salvador, ou pessoalmente, no guichê da instituição.

Para moradores de outros municípios, no dia do primeiro atendimento a assistente social fará o acolhimento e encaminhará o indivíduo para uma avaliação com psiquiatra ou psicólogo, caso não tenha avaliação prévia de outro serviço.

Questionada a respeito dos procedimentos que serão feitos no ambulatório, a médica respondeu que os pacientes serão atendidos pela equipe de endocrinologia, psiquiatria, psicologia e terão acompanhamento clínico.

“As pessoas que tiverem interesse em procedimentos cirúrgicos serão encaminhadas aos serviços específicos, a depender da intervenção cirúrgica necessária, sempre respeitando uma fila. Devemos oferecer todos os procedimentos cirúrgicos previstos na portaria do Ministério da Saúde”, espera Luciana Barros.

Ela conclui informando que a previsão inicial é atender 100 pacientes. “A população LGBT necessita de atenção integral à saúde”.

O ambulatório funcionará no 2º pavimento do prédio de ambulatórios Magalhães Neto, Ala 2 do Hupes.

Fonte: A Tarde