Irresponsabilidade da Direção-Geral do Hospital de Clínicas e da Reitoria da UFPR pode causar o fechamento de mais de 100 leitos nos próximos dias

Há três semanas os trabalhadores do Hospital de Clínicas da UFPR estão enfrentando abusos de autoridade, assédio moral permanente e alterações arbitrárias e inexplicáveis nos regimes de plantões e escalas de trabalho. Como resultado, as escalas não estão fechando e a consequência pode ser o fechamento de aproximadamente 100 leitos.

Essas medidas foram precedidas por uma campanha feita pela imprensa (a RPC TV, afiliada da Rede Globo), que divulgou em seus telejornais um ataque contra a jornada de 30h dos trabalhadores, tentando atribuir a eles o problema dos leitos fechados.

Na reportagem, veiculada em rede local e também no Jornal Nacional (no dia 16 de setembro), o Diretor-Geral do HC, Flavio Tomasich, aparece reforçando os argumentos da reportagem, e afirma categoricamente que a jornada de trabalho dos servidores “prejudica” o bom funcionamento do hospital. Com isso, insinua que o problema dos leitos vazios é o fato de que os trabalhadores cumprem jornada de 30h. A declaração não poderia ter sido mais revoltante, visto que o problema do HC não é a jornada de trabalho, e sim a carência de pessoal, problema que se resolve facilmente com a abertura de concursos públicos pelo governo. Por qual razão a presidente Dilma não ordena a abertura imediata de concursos públicos, como prometeu em sua campanha eleitoral?

Duas semanas depois, após uma declaração esclarecendo os fatos publicada pelo sindicato, o mesmo Flavio Tomasich publicou um comunicado interno desmentindo suas próprias afirmações. No entanto, os ataques contra os trabalhadores continuaram.

Mudança nas escalas de trabalho, no regime de APHs, horas-extras e plantões é preparativo para a EBSERH

Mesmo com a recente derrota da EBSERH no Conselho Universitário da UFRJ, ocorrida no dia 27 de setembro, a pressão para a privatização feita pelo governo federal (PT) é constante. Segundo declarações do Reitor da UFPR, Zaki Akel Sobrinho, o governo impôs um corte de aproximadamente 10% do orçamento do hospital. Esse “contingenciamento de recursos” é a arma usada pelo governo para forçar os gestores a uma rendição e à aceitação da privatização.

A UFPR foi uma das primeiras universidades do país a rejeitar formalmente a EBSERH, por decisão unânime de seu Conselho Universitário (Resolução N.º 23/2012), consequência da mobilização de toda a comunidade universitária, que se manifestou na greve geral do ano passado. Apesar disso, os preparativos sorrateiros, feitos nos bastidores, pelos interessados nos futuros “negócios” com a EBSERH continuaram.

A recente alteração nas escalas de trabalho, no regime de plantões, horas-extras e APHs, além da imposição do uso do cartão ponto em setores em que até então ele não era usado, são tentativas de impor dentro do HC o regime de um hospital privado, ou seja, o regime exigido pela EBSERH.

O argumento usado até agora pela Direção-Geral do HC para tais medidas foi uma suposta intervenção do Ministério Público do Trabalho, visando a correção de irregularidades praticadas pela FUNPAR contra os trabalhadores fundacionais (celetistas). No entanto, as medidas “corretivas” escolhidas pela Administração se estenderam para todos os trabalhadores, mostrando que no fundo se trata de uma tentativa de disciplinar toda a força de trabalho a cumprir o regime da CLT, que seria o regime adotado pela EBSERH.

Sintomaticamente, as investidas contra as condições de trabalho dentro do HC estão a cargo de Wilson Messias, ex-presidente do sindicato, que após o término de seu mandato recebeu asilo político permanente no Gabinete do Reitor, e foi laureado com um cargo de confiança (a gerência da UAP), revelando da noite para o dia sua verdadeira natureza: a de um fiel capataz da Administração, agente da exploração do trabalho dentro do HC.

A resistência e a luta contra a EBSERH é o único caminho

A Direção do Sinditest está atenta a toda essa movimentação praticada contra os trabalhadores através do conluio entre o setor privado, a grande imprensa, o governo federal e seus agentes.

Não haverá ataques contra os trabalhadores sem uma resposta enérgica da categoria.

A paralisação do dia 11 de julho e a paralisação do dia 30 de agosto mostraram que os trabalhadores estão mobilizados e que são capazes de promover uma forte greve no Hospital de Clínicas, para defender as conquistas sociais dos trabalhadores e da população .

Engana-se o novato Diretor-Geral do HC e seu capataz Wilson Messias se acreditam que vão impor esses ataques aos trabalhadores sem enfrentar uma forte resistência, com greves, paralisações e protestos.

A Direção do Sinditest está preparando o lançamento de uma grande campanha contra a EBSERH, que envolverá toda a população da cidade, através de jornais e do rádio, panfletos e jornais, para revelar para a sociedade a barbaridade que o governo privatista do PT e seus aliados estão planejando para o HC da UFPR.

Um chamado para a luta

A todos os trabalhadores e trabalhadoras do Hospital de Clínicas da UFPR fazemos um apelo: preparem-se para novas jornadas de luta em defesa do SUS, em defesa da Autonomia Universitária, em defesa do HC como hospital público, como hospital escola. Preparem-se para novas lutas contra a EBSERH, contra o governo federal, e contra os agentes da privatização encastelados nos cargos de chefia e de administração do hospital.

Tudo o que conquistamos nesse país foi em decorrência de muita luta e de muita mobilização. E é com a luta que manteremos nossas conquistas.

 

Fonte: http://www.sinditest.org.br