Marcha das Margaridas completa 20 anos de resistência com ato comemorativo

Há 20 anos, trabalhadoras rurais marcham até Brasília, centro do poder, para denunciar a fome, as desigualdades sociais e a violência sexista. A Marcha das Margaridas, que reúne mulheres do campo, da floresta e das água, completa duas décadas este ano. A comemoração será virtual, por conta da pandemia de Covid-19 e a necessidade de isolamento social para conter a doença.

O ato comemorativo será nesta quarta-feira, 12 de agosto, transmitido no Facebook, Youtube e Portal da CONTAG. A data marca o dia de morte de Margarida Maria Alves. Sindicalista paraibana, ela foi assassinada em 1983, aos 50 anos.

No ano passado, a Marcha das Margaridas, maior ação organizada na América Latina, reuniu cerca de 100 mil mulheres da agricultura familiar que lutavam contra os retrocessos e em defesa dos direitos.

As mulheres rurais vivem e trabalham em um cenário de desigualdades estruturais e desafios sociais, econômicos e ambientais. A situação se agravou após a pandemia causada pelo coronavírus.

Para se ter ideia da discrepância, basta analisar os dados do IBGE. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o número de mulheres que dirigem propriedades rurais no Brasil é pequeno. Dos 5,07 milhões estabelecimentos, quase 1 milhão contam com mulheres rurais à frente, o que equivale a apenas 19% do total.

As dificuldades se acentuaram com a crise sanitária, sobretudo, por conta da inércia do governo. Somente após quase cinco meses de pandemia, o Senado aprovou o PL Emergencial da Agricultura Familiar (projeto de lei 735/2020).

O objetivo da lei é garantir a produção de alimentos por agricultores familiares, que tiveram a renda e o escoamento de produtos impactados pela pandemia. Agora, falta a sanção presidencial. A expectativa é que Bolsonaro não demore a liberar o auxílio para esses profissionais que produzem cerca de 70% dos alimentos consumidos no país.

A ASSUFBA Sindicato se junta nesta comemoração dos 20 anos da Marcha das Margaridas porque entende que a solidariedade de classe vai além da defesa de uma categoria e é sobre isso que a solidariedade deste momento fala. Inclusive, as ações solidárias realizadas pela entidade na pandemia têm beneficiado, além dos servidores, trabalhadores terceirizados e estudantes das universidades.