No Brasil, desigualdade racial presente também no acesso à saúde

Que o Brasil é um país desigual todo mundo já sabe. No sistema de saúde não seria diferente. Negras e negros, que formam a maior parcela da população, são os mais acometidos por doenças como anemia falciforme, hipertensão arterial e diabetes mellitus tipo 2. Neste último caso, a incidência em homens negros é 9% maior do que em brancos. Quando se trata das mulheres, o número de negras afetadas é 50% maior do que o de brancas. Os dados são do Ministério da Saúde. 

Outras informações ajudam a evidenciar as desigualdades. Entre 2008 e 2017, a cada 100 mil mulheres pretas que deram entrada em uma unidade de saúde para ter filhos, 22 morreram. É o dobro em relação às gestantes brancas, que morrem 11 a cada 100 mil internações para parto.

O país precisa, de forma emergencial, promover políticas públicas sobre as consequências que desigualdades históricas causaram para a saúde da população negra. Por terem menor escolaridade, renda e acesso aos serviços de saúde de qualidade, os negros vão a óbito por causas que poderiam ser evitadas, como diabetes, hipertensão, tuberculose, AIDS, e causas violentas.

Segundo o Atlas da Violência de 2017, pessoas negras representaram 75,5% das vítimas de homicídios. Em 10 anos, a letalidade aumentou 62,3%.

Política pública

O Ministério da Saúde instituiu, em 2009, a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. A promoção de ações de combate ao racismo e o incentivo à produção de conhecimento científico sobre saúde da população negra estão entre as diretrizes. 

Apesar disso, uma década após a implementação, apenas 57 municípios do país, em um universo de mais de cinco mil, colocaram o plano em prática. 


Foto: Elói Corrêa/GOVBA