No Dia da Consciência Negra, ASSUFBA reforça luta por igualdade

Para a ASSUFBA e a categoria, o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, data em que foi assassinado, em 1695, o líder Zumbi, do Quilombo dos Palmares, é mais uma oportunidade para reforçar a luta contra o racismo e outras opressões no Brasil.

Para celebrar a data, diversas atividades estão agendadas em Salvador. Logo no início da manhã, às 7h, acontece a tradicional Lavagem da Estátua de Zumbi, na Praça da Sé.

Das 8h às 16h tem a Feira de Cidadania e Direitos Humanos da Unegro no Mercado Iaô, na Cidade Baixa.

Durante o dia ainda ocorrem a Caminhada da Liberdade, feita pelo Fórum de Entidades Negras, do Curuzu ao Pelourinho, e a Marcha Zumbi e Dandara, feita pela CONEN, do Campo Grande à Praça da Sé.

O Sindicato lembra que para promover a igualdade entre negros e brancos, o país precisa garantir a aplicação e ampliar as Políticas de Ações Afirmativas, a exemplo da Lei 12.711/12, conhecida como Lei de Cotas, que garante um percentual de vagas em instituições de ensino federais para grupos historicamente excluídos destes espaços. A legislação completou 10 anos em julho passado e passa por reavaliação este ano.

É importante dizer que nos últimos quatros anos, desde a eleição de Bolsonaro, as desigualdades raciais foram aprofundadas. O presidente atacou as políticas públicas de promoção da igualdade racial, a exemplo do esvaziamento ideológico e sucateamento da Fundação Palmares, o ataque às universidades com redução do orçamento das políticas de assistência estudantil, que afetou profundamente as condições de permanência de estudantes cotistas, além de ter instaurado um clima de ódio e escárnio com o sofrimento provocado pelas opressões sofridas pela maioria excluída da população (negras e negros, lgbtqia+, mulheres e pessoas com deficiência) acirrando ainda mais as diversas formas de violências. Deste modo, o genocídio do povos negro e indígena, a lgbtqifobia e a violência doméstica se aprofundaram ainda mais. É importante lembrar que a violência simbólica e a violência policial, intrinsecamente ligadas, têm como alvo principal a população negra. De cada 10 baianos assassinados pela polícia, 8 são negros.

Segundo pesquisa do Atlas da Violência (2021), os negros representaram 77% das vítimas de homicídios. A chance de um negro ser assassinado é 2,6 vezes maior do que de uma pessoa não negra.

O racismo é estrutural e a base fundante de todas as relações na sociedade brasileira. Os dados do IBGE falam por si só. No ano passado, 72,9% dos pobres do país eram negros (34,5% pretos e 38,4%,pardos), enquanto os brancos eram 18,6%. Uma realidade explicitamente racislizada.

O mercado de trabalho desigual é outro exemplo. A taxa de desemprego entre os brancos no ano passado era de 11,3%. Enquanto na população negra era de 32,7% (16,5% entre pretos e 16,2% entre pardos).

Diante dessa realidade reveladora, o Sindicato reafirma a necessidade de ações de reconhecimento, reparação e valorização dos negros no Brasil, e, em nosso espaço de ação cotidiana, as Universidades, devem ir além das importantes medidas de promoção do acesso e permanência de pessoas negras, por exemplo com políticas de inclusão de aportes teóricos produzidos pelas negras e negros, e de matrizes teóricas africanas e diaspóricas, para que tenhamos um ambiente mais rico do ponto de vista acadêmico, com promoção de maiores trocas intelectuais e construção de ferramentas de correção do epistemícidio que tenta amputar ou invizibilizar a rica contribuição intelectual e cultural dos povos africanos e dos povos originários do Brasil.

Com a eleição de Lula, que representa uma vitória para as forças progressistas, o movimento sindical tem o desafio de se fortalecer para reconquistar e ampliar espaços institucionais e ideológicos, além de consolidar uma comunicação contra-hegemônica contribuindo para reconstituir as subjetividades do povo negro e de todas as parcelas oprimidas da sociedade, esgarçadas e violadas nesses tempos de intolerância e tentativa de extermínio da diversidade.

Dandara e Zumbi vivem em nós. A ASSUFBA atua entre trabalhadores das Universidades, espaço que se configura como lugar das possibilidades, das liberdades, da diversidade, da troca, construção e reconstrução de conhecimentos. Queremos e podemos ir além, enriquecer, colorir, melhorar, incrementar o nosso cotidiano no ambiente laboral e acadêmico e a partir do acolhimento e reconhecimento das contribuições de outras figuras marcantes e fundamentais para a história da humanidade, oriundas de África e da Diáspora, possamos dizer que estão vivas em nossa sociedade!