O Hospital de Clínicas precisa de você!

O Hospital de Clínicas não pode ser privatizado! Saúde é direito de todos e dever do Estado!

Privatizar não é a solução! Diga não à EBSERH!

O Hospital de Clínicas da UFPR passa por uma grave crise há vários anos: leitos fechados, falta de pessoal, sucateamento, ameaça permanente de demissão contra os trabalhadores da Funpar, salários de miséria para os terceirizados, assédio moral e precarização geral do trabalho. Para piorar, o governo federal cortou ainda mais os recursos, que já eram escassos. Esse estrangulamento produziu uma carência inédita de materiais básicos para o atendimento aos pacientes, colocando vidas em risco e ameaçando a credibilidade da instituição.

Sucatear para privatizar!

Este caos não acontece por acaso. É resultado de uma política de destruição da saúde pública adotada pelo governo federal, que quer vender à população a ideia de que hospital público não funciona, que é preciso entregar para a iniciativa privada. Mas, na verdade, o HC é uma instituição de excelência, um hospital-escola que forma profissionais destacados há 50 anos, que desenvolve pesquisa de ponta e que atende gratuitamente a população do nosso estado, principalmente os mais pobres. O HC só precisa de concurso público para a contratação de profissionais estatutários (Regime Jurídico Único) e de investimentos, nada mais. E dinheiro o país tem. Gente para trabalhar e prestar concurso também não falta. Só o que está faltando mesmo é boa vontade e decência por parte do governo.

Saúde não é mercadoria! Hospital não é empresa!

Quando o lucro e os interesses particulares estão na frente do interesse público, quem paga o pato são os mais pobres. O caso da UTI do Hospital Evangélico, em que ocorria “comercialização de leitos” e “desligamento” dos pacientes humildes é a prova de que saúde não pode ser vista como mercadoria. Saúde tem que ser direito de todos e dever do Estado!

Mas infelizmente a presidente Dilma Rousseff (PT) está aplicando a mesma lógica de privatizações dos governos anteriores, do PSDB. No Estado do Paraná, o governador Beto Richa (PSDB) conseguiu criar uma fundação privada para gerir a saúde do estado — a FUNEAS. Agora, seguindo o mesmo caminho, a presidente Dilma quer entregar o HC para os planos de saúde privados, para as indústrias de equipamentos médico-hospitalares, laboratórios e clínicas particulares, através de uma empresa que será responsável pela “administração” do HC. Essa empresa chama-se EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares). Se ela for implantada no Hospital de Clínicas, ele deixará de ser um hospital-escola 100% público, 100% SUS, e estará sujeito às leis do mercado, como qualquer hospital privado.

Os trabalhadores estão resistindo à privatização, mas precisam agora da sua ajuda!

Os trabalhadores do HC estão lutando há anos contra a privatização, em particular contra a EBSERH, juntamente com os estudantes, os residentes, os docentes e toda a comunidade universitária. Em 2011, realizamos uma greve de mais de 100 dias. Em 2012, foram 70 dias de greve. E agora, em 2014, nossa greve já dura mais de dois meses. Queremos salário digno e condições de trabalho decentes, além da manutenção dos empregos, mas estamos lutando principalmente para que o HC não seja privatizado. A privatização causará a demissão de mais de 900 pais e mães de família contratados pela Funpar, que já trabalham no hospital há mais de 20 anos e que estão próximos da aposentadoria, sem falar nos inúmeros prejuízos para as atividades acadêmicas, para a formação dos nossos estudantes e para a assistência à população.

Graças a essa luta, no auge da greve de 2012, conseguimos uma Resolução do Conselho Universitário (COUN) da UFPR rejeitando a EBSERH. O Reitor Zaki Akel queria acabar com a greve a todo custo e precisava ser reeleito no ano seguinte. Por isso, naquela ocasião, assumiu um discurso contrário à EBSERH e trabalhou nos bastidores para que o COUN rejeitasse temporariamente a privatização. Agora, porém, o Reitor assumiu sua verdadeira face privatista e está promovendo uma articulação favorável à EBSERH.

O plano dos agentes da privatização é votar a adesão à EBSERH no Conselho Universitário no próximo dia 4 de junho. Por isso, precisamos agora da sua ajuda!
Uma minoria de ricos e privilegiados pode decidir a sorte de milhões de pessoas?

Há uma ampla coalização de forças favoráveis à EBSERH trabalhando neste momento, que começa na iniciativa privada, passa pela Rede Globo (RPC TV e Gazeta do Povo), governo federal, prefeitura de Curitiba, pelo Poder Judiciário do Estado do Paraná (que cedeu à lógica da privatização), e termina nas mãos do Reitor e de alguns membros do Conselho Universitário.

Mas toda essa gente representa uma fração ínfima da população. São todos privilegiados, membros da elite. Nunca precisaram de um hospital público. Nunca precisaram do SUS. São negociantes que querem ganhar dinheiro com a saúde alheia. Eles não representam nada perto da população trabalhadora do nosso Estado. Vamos permitir que coloquem à venda um hospital que pertence ao povo?

É possível derrotar a EBSERH!

A Universidade Federal do Rio de Janeiro, uma das mais importantes do país, também rejeitou a EBSERH. Graças à mobilização da sociedade e de toda a comunidade universitária, o Conselho da UFRJ desistiu da EBSERH e pressionou o governo federal e o judiciário para que abrissem concurso público imediatamente, e para que chamassem as pessoas já aprovadas nos concursos anteriores. Com isso, só no último ano foram contratados cerca de 300 profissionais da saúde pelo regime jurídico único, mostrando que existe sim solução sem privatização.

Precisamos fazer a mesma coisa na UFPR. Mas para isso precisamos da sua ajuda! Converse com as pessoas do seu local de trabalho, estudo ou moradia. Convoque uma reunião do seu sindicato, associação de classe, do seu movimento, da sua organização e participe conosco da luta contra a privatização, em defesa do Hospital de Clínicas!

A única forma de barrar a privatização é a mobilização da sociedade. Precisamos reunir milhares de pessoas no pátio da Reitoria da UFPR neste dia 4 de junho, para mostrar ao reitor privatista Zaki Akel Sobrinho que ele não pode colocar à venda algo que não lhe pertence. O Hospital de Clínicas pertence ao povo, e só o povo pode decidir o que fazer com ele. Nem o Reitor e nem os possíveis interessados na privatização que estão no COUN falam em nome da população paranaense. Nós somos os trabalhadores. Nós somos os usuários. E nós já decidimos: não queremos a EBSERH!

E onde a EBSERH já entrou? O que aconteceu?

•    A EBSERH piora tudo o que já estava ruim. O caos aumenta. A precarização se agrava. A insegurança e a incerteza tomam conta de tudo;
•    A repressão aos trabalhadores estatutários se torna a norma da instituição. O RJU passa a ser uma carreira em extinção, que é preciso eliminar a todo custo;
•    Os fundacionais e os terceirizados são, em geral, demitidos gradativamente;
•    O sindicato é impedido de atuar no interior da EBSERH. Não é permitido sequer colar cartazes ou distribuir panfletos no interior da “empresa”;
•    Em geral, há irregularidades nos concursos públicos e intervenções judiciais que acabam impedindo as novas contratações. Na maioria dos casos, ainda não há “celetistas” da EBSERH trabalhando. A carência de pessoal continua.

Fonte: http://www.sinditest.org.br/