Racismo e desigualdade são estruturais no Brasil

Há 11 anos, foi instituído o Estatuto da Igualdade Racial no Brasil, cujo objetivo é combater a desigualdade racial no país. Mais de uma década depois, houve progresso, mas ainda é preciso avançar. Muito mais.

Ao longo dos anos, as desigualdades acumuladas na experiência social da população negra podem ser percebidas em diversas áreas, inclusive nos processos de escolarização. Afetam a capacidade de inserção da população negra na sociedade em diferentes áreas e compromete o projeto de construção de um país democrático e com oportunidades iguais todos.

A discrepância salarial é uma prova. Os trabalhadores pretos e pardos recebem, em média, R$ 10,1 por hora trabalhada no Brasil. Já entre os brancos, esse valor é de R$ 17 por hora, de acordo com o IBGE. Em média, os brancos recebem por hora 68% a mais do que pretos e pardos. Essa diferença está ligada à desigualdade de oportunidades de acesso à educação que atinge gerações.

Desde o início da pandemia, em março de 2020, a população negra enfrenta novos inimigos no Brasil, como o coronavírus e o crescimento do desemprego e da fome. As desigualdades são acentuadas na crise sanitária. Negros são os que mais morrem por Covid-19 e os que menos recebem vacinas no país.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), enquanto 55% de negros morreram por coronavírus, a proporção entre brancos foi de 38%. O acesso desigual ao sistema de saúde também tem reflexo na vacinação. Levantamento da Agência Pública de março deste ano revelou que 3,2 milhões de pessoas que se declararam brancas receberam a primeira dose do imunizante contra a doença. Já entre os negros, o número cai para 1,7 milhão.

Além da crise sanitária, a violência também tem cor. Segundo o IBGE, em 2017, a taxa de homicídios de negros por 100 mil habitantes era de 43,4, já entre os brancos, de 16 por 100 mil. Relatório da Rede de Observatórios da Segurança revela que 75% dos mortos pela polícia são negros.

O discurso de guerra às drogas é a legitimação da violência das forças do Estado, que volta o seu aparato ideológico e repressivo ao povo negro. Uma efetiva política de drogas exige uma abordagem que não criminalize os usuários. É preciso trata-los de forma humana e tratar as drogas como uma questão de saúde pública.

A verdade é que não são as drogas que matam. É o racismo. O genocídio da população negra pelas forças do Estado coloca em evidência as relações sociais herdadas do passado colônia. O encarceramento em massa é outro efeito da política violenta de guerra às drogas.

No sistema prisional, das cerca de 700 mil pessoas presas, jovens representam 54,8%, sendo cerca de 70% negros. Entre a população em situação de rua, que também sofre violência por parte do Estado, 8 em cada 10 pessoas são negras.

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