Cerca de 142 candidatos das eleições de 2018 receberam doações de envolvidos com trabalho escravo
A ONG Repórter Brasil fez um levantamento relevando que pelo menos 142 candidatos nestas eleições receberão doações de fazendeiros, sócios e administradores de empresas que estão incluídos na lista suja do Ministério do Trabalho.
As doações somam um total de R$ 10,7 milhões. Não surpreendentemente, entre os políticos financiados, Ronaldo Caiado (DEM), eleito governador de Goiás. Caiado é líder da Frente Parlamentar da Agropecuária, famosa bancada ruralista. Também estão na lista dos agraciados pelas doações da lista suja do MT, Ratinho Jr., eleito governador do Paraná e Mauro Carlesse, reeleito para o governo de Tocantins.
A lista de beneficiados que angariaram sucesso é grande, como por exemplo Antonio Anastasia (PSDB) que está na disputa pelo segundo turno para governo de Minas Gerais. Outros nomes notáveis são: o ex-presidenciável Álvaro Dias (Podemos) e o coordenador de campanha de Jair Bolsonaro (PSL), o deputado federal candidato à reeleição Onyx Lorenzoni (DEM-RS), cotado para ser o ministro-chefe da Casa Civil caso o candidato seja eleito.
A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil contesta o tipo de doação de empresários que mantêm ou mantiveram trabalhadores em condições análogas à escravidão para parlamentares ou candidatos a cargos no executivo. Para a CTB, o caso é grave e deve ser denunciado pois compromete as lutas e os interesses no campo do trabalho dentro do sistema político.
O levantamento foi feito a partir do cruzamento de dados divulgados pelo Ruralômetro, ferramenta desenvolvida pela ONG Repórter Brasil, considerando a lista de doadores divulgadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O procedimento seguinte foi fazer o cruzamento de dados com todas as listas sujas do Ministério do Trabalho cadastradas desde 2003, que mostra a relação de empresas e pessoas que foram flagradas cometendo o crime.
Entre os doadores autuados estão Rubens Ometto Silveira Mello, fundador e presidente do conselho de administração do Grupo Cosan, da área de agronegócios, que fez doações a Ronaldo Caiado, entre outros, e foi o maior doador individual desta campanha. Rubens Menin, fundador e presidente do conselho da empresa, a construtora MRV Engenharia, também fez generosas doações. O levantamento lista diversos outros empresários autuados que doaram para campanhas políticas.
A saber são quatro os elementos que definem a escravidão contemporânea no Brasil. Trabalho forçado, condição degradante, a jornada exaustiva e a servidão por dívida, quando a pessoa precisa continuar trabalhando para pagar dívidas com o patrão.
