Cortes do CNPq podem levar a apagão na ciência brasileira

Depois do Ministério da Ciência e Tecnologia anunciar só ter dinheiro para o pagamento das bolsas de pesquisa até o mês de setembro, pesquisadores temem por projetos em andamento serem interrompidos.

Isso pode afetar os avanços de criação de vacinas, equipamentos médicos e até pesticidas. O ex-presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Hernan Chaimovich, teme pelos insumos necessários na realização das pesquisas também acabarem. O orçamento para esse proposito sofreu um contingenciamento de R$ 72,2 milhões, o que representa 56% dos R$ 127,4 milhões previstos este ano.

Aproximadamente 55% das 80 mil bolsas do CNPq são de iniciação científica, para graduandos e uma pequena parcela voltada a alunos do ensino médio, que variam de R$ 100 a R$ 400. Mestrados e doutorados correspondem a 20% do total, com valores entre R$ 1.500 e R$ 2.590. Outros 20% dos incentivos são para a chamada bolsa de produtividade, para pesquisadores de alto nível, que vai de R$ 1.100 a R$ 2.800.

A pequena parte restante está pulverizada em programas específicos de pós-doutorado e apoio técnico, cujo auxílio varia de R$ 1.000 a R$ 6.500. Menos de 1% do total é concedido a pesquisadores no exterior, que recebem até US$ 2.300, segundo dados do CNPq.

Vale lembrar que no ano passado, ao contrário do que declarou Bolsonaro, apenas 10,2% do orçamento do CNPq foram consumidos em pesquisas de Humanas.