Dor e silêncio na Maternidade Victor Ferreira do Amaral

Desde que começaram a reivindicar direitos, trabalhadores do maternidade-escola sofrem perseguições e demissão

Nosso silêncio enche o mundo de borboletas mortas”, ditado nicaraguense

Desde que começaram a organizar reuniões e elaborar as propostas para a campanha salarial, as cerca de setenta trabalhadoras da Maternidade Victor Ferreira do Amaral (hospital-escola da UFPR) sofrem forte perseguição da direção geral da maternidade, coação moral e assédio.

Em menos de um mês, oito trabalhadores foram demitidos e a ameaça é de que a “lista” seja mais extensa. Por participar de atividade do sindicato, duas trabalhadoras tiveram descontado em folha o seu dia de trabalho. A direção da maternidade fomenta o conflito entre os funcionários – o que pode ser caracterizado como prática de assédio moral -, além do que o controle sobre o quadro de pessoal é feito com a instalação de câmeras.

O período de campanha salarial coincide com a luta para que a representação sindical passe legalmente ao Sinditest-PR.

De acordo com o relato presente na assembleia organizada hoje (dia 19), pela manhã, no hospital-escola, as chefias estão descontentes com a atual “rebeldia”. Ou melhor, traduzindo: há insatisfação no interior da Universidade Federal do Paraná (UFPR) com trabalhadores que nunca haviam feito sequer uma plenária para garantir seus direitos. “Nunca aconteceu isso de estarmos aqui. As condições de trabalho ruins já vinham de antes, mas a sensação é de que piorou”, afirma uma trabalhadora, em plenária, que preferiu não se identificar para não sofrer represálias.

A direção da maternidade Victor Ferreira do Amaral tem se recusado a reunir com o sindicato. Depois da assembleia de hoje pela manhã, a diretora geral Solange Borba Gildemeister , requeriu o abaixo-assinado dos participantes da reunião.

As condições de trabalho são ruins, em um local que é visto como referência de parto humanizado tanto para a população pobre da zona Sul de Curitiba, mas que atende também a população dos bairros centrais da capital. O piso da categoria está abaixo de outros trabalhadores do Hospital de Clínicas (HC) cujo vínculo de trabalho é Funpar (celetista e não estatutário).

A direção do Sinditest comprometeu-se a tomar os seguintes encaminhamentos: acionar o Ministério Público do Trabalho (MPT), exigir reunião entre a reitoria e os trabalhadores. E seguir ao lado da categoria, que está disposta à denúncia e à mobilização das condições degradantes de um local que deveria ser humanizado.

As trabalhadoras seguem unidas no seu processo de aprendizado e mobilização.

As chefias querem o silêncio dos corredores. Os trabalhadores querem gritar para a sociedade ouvi-los.