Epidemia de sarampo já é realidade. Descaso de governo federal e das famílias aumentam o risco

O governo federal não cumpre a meta de vacinação e o descuido das famílias podem levar a uma nova epidemia de sarampo, erradicada no país recentemente. Nos anos 90, após esforços conjuntos de vacinação, a doença havia sido erradicada não apenas no Brasil, mas em outros países latino-americanos fronteiriços.

A meta de erradicação foi alcançada aos esforços conjuntos do governo federal à época e aos médicos e famílias empenhados na imunização dos grupos de risco.

EC 95 e os impactos negativos na saúde

A redução da campanha vacinal é a principal responsável pelo surto, não apenas no Brasil, mas em países vizinhos da América Latina, como Colômbia e Venezuela, segundo o Laboratório Vírus Respiratórios e do Sarampo da Fiocruz.

Levando em consideração a atual conjuntura do país de congelamento dos investimentos em saúde em 20 anos pela EC 95 – Teto dos gastos, o sarampo é uma doença altamente contagiosa e se faz necessário compreender o problema em toda sua complexidade.

Profissionais de saúde e familiares

Os pesquisadores da Fiocruz, apontam que é preciso um planejamento a longo prazo do Ministério da Saúde, conscientização de médicos e enfermeiros que atualmente encaram doenças infecto-contagiosas como problemas do passado. Outro fator de extrema importância é o investimento massivo da campanha vacinal direcionada às famílias, que acabam por acreditar em boatos de ineficácias das vacinas ou de riscos de seus filhos aos invés da imunização.  

O Sarampo na América Latina

Em 1992, o Brasil realizou uma sucedida campanha de vacinação que resultou na imunização de 98% de crianças e adolescentes menores de 14 anos. No governo Dilma Rousseff o ganho foi ainda maior, além de imunizar os grupos de riscos, o modelo foi aplicado em diversos países e em 2016, as Américas conseguiram certificado internacional que comprovava a erradicação da doença em todo o continente.

A Venezuela vive um surto de sarampo há mais de um ano. O Brasil já tem seis meses de registro de surto da doença, o mesmo vale para a Colômbia. Já foram 4 óbitos por sarampo no Brasil.

Procedimentos necessários

A criança, ao completar o primeiro ano de vida, deve tomar a primeira dose da vacinada e a segunda três meses depois.  É importante lembrar que ao tomar a vacina a criança cria anticorpos contra o vírus, impedindo a transmissão para outras pessoas, ou seja, está imunizada.

Atualmente há uma carência do estoque de vacinas em determinados postos de saúde de algumas regiões que ficam sem cobertura pelo Ministério da Saúde. O acompanhamento familiar nos postos de saúde é outro entrave. Médicos pediatras precisam instruir as mães que as crianças devem estar com a carteira de vacinação em dia.

Humanização da campanha vacinal

As questões referentes às mulheres trabalhadoras é outro tópico importante observado pela Fiocruz. Segundos os pesquisadores e pesquisadoras, os postos de vacinação devem ter o horário de atendimento estendido pois as mães, que geralmente são responsáveis pela vacinação das crianças, geralmente está em seus postos de trabalho. As empresas não costumam aceitar a justificativa de vacinação, ainda mais com o agravante das ausências referentes a doenças dos filhos na infância.

Na pesquisa, Marilda Siqueira defende que as secretarias estaduais e municipais de saúde devem elaborar planos de ação para que as escolas verifiquem as cadernetas de vacinação e para que, assim, possam solicitar aos pais o cumprimento da vacinação de seus filhos, principalmente àquelas crianças que não estão imunizadas. Esse plano de ação não tem como objetivo restringir o acesso às escolas das crianças que não estiverem com a vacinação em dia.