Mesa sobre Assédio Moral em tempos de pandemia movimenta a categoria no terceiro dia do I ENCONASSUFBA

Quem foi que disse que celebração não pode ter conscientização? Esse foi o clima do terceiro dia do I ENCONASSUFBA, realizado nesta quarta-feira (9/12), com a discussão sobre Assédio Moral em tempos de pandemia. O debate contou com a participação da professora da UFBA, Salete Maria Silva. O encontro, transmitido pelo Facebook do Sindicato, fez parte da comemoração dos 40 anos da ASSUFBA.

O ENCONASSUFBA desta quarta-feira começou com a apresentação do Coordenador Valmiro, que agradeceu a participação dos integrantes da mesa e da convidada. “Este é um tema que para nós, mais antigos na universidade, já tivemos muitos problemas”, lembrou do descaso sofrido pelos servidores ao longo do tempo.

“Éramos desrespeitados, muitas vezes colocados à margem do nosso trabalho. Mas graças ao Sindicato, o servidor foi abraçado. Não permitimos mais que essas coisas aconteçam”, pontuou Valmiro.

 

 

Em seguida, a professora Salete Maria abriu a discussão sobre o assédio. Ela lembrou da importância da realização de debates sobre o assunto, além de frisar o combate e as atividades realizadas pelo Sindicato ao longo dos anos. “A ASSUFBA já possui muito conhecimento sobre o tema”, disse. A professora comentou a respeito de sua última visita à entidade, em 2019, quando apresentou dados levantados pelo site Vagas.com, que retrataram a gravidade dos casos de assédio naquele período.

“Na última visita, eu apresentei dados mapeados pelo Brasil. Já em tempo de pandemia, a forma do assédio é alterada, pois há uma dificuldade na identificação do assédio. Agora, esta prática acontece nas nossas casas, e reflete na nossa saúde e na relação social com nossos familiares”, alertou a professora.

 

 

Ainda sobre a relevância da discussão sobre o assédio, a Coordenadora da pasta de Saúde do Trabalhador, Radinei Santos, foi categórica: “O assédio sempre existiu. Neste momento de pandemia, em que aparece o trabalho remoto, os casos são acentuados”.

Radinei é servidora lotada na Maternidade Climério de Oliveira (MCO). Ela apontou para o cuidado dos profissionais de saúde que, mais do que nunca, estão sobrecarregados com o sistema de saúde do Brasil, por conta dos impactos da pandemia da Covid-19. “Nos hospitais, os casos de assédio são exacerbados. O nosso papel enquanto Sindicato é estar à disposição dos trabalhadores para que as denúncias sejam feitas”.

O Coordenador de Saúde do Trabalhador, Giancarlo Damiani, também é lotado em uma unidade hospitalar, o Hospital Universitário Professor Edgard Santos (HUPES). Ele falou a respeito das características dos casos de assédio: “Intolerâncias estão presentes durante os casos de assédio”.

Durante o Encontro, Salete explicou que tem chamado os novos casos de assédio ao longo da pandemia de “velho normal”. “Chamo desta forma pois já vínhamos discutindo esta violência dentro da nossa universidade e entre os outros profissionais ao redor do país. Uma prática antiga que se altera para o mundo virtual”, disse.

Graduada em Direito pela URCA, e mestra também em Direito pela UFC, Salete Maria atentou para como as discussões de assédio “não devem ser tratados como tabu. Parabenizo a ASSUFBA pelo debate”. A professora ainda apresenta uma nova visão sobre o assédio, o teleassédio. Ela explica que ainda é uma categoria “analítica” e funciona do mesmo modo que o assédio tradicional, mas por via eletrônica.

 

 

O antepenúltimo dia de eventos do I ENCONASSUFBA contou com participação da categoria. A Coordenadora de Políticas Sociais e Anti-Racistas da entidade, Eliete Gonçalves, agradeceu pela presença da professora Salete e elogiou as colocações de Radinei e Giancarlo. Ela também relatou qual foi a sensação ao sofrer o seu primeiro caso de assédio na universidade. “Não fomos acolhidos”, explica como se sentiu ao ingressar na instituição.

O Coordenador Geral da ASSUFBA, Renato Jorge, também participou da discussão. “Os trabalhadores sentem medo e as instituições não oferecem propostas”, comentou sobre a situação do assédio nas universidades. Renato ainda reforçou a necessidade de pautas sobre esta prática e se colocou ao lado da professora Salete, que lançará um material de pesquisa sobre o tema.

 

 

Os Coordenadores de Comunicação do Sindicato não deixaram de prestigiar o evento. Antonio Bomfim parabenizou a entidade pelos seu 40° aniversário e deixou registrado que o “combate ao assédio” é marca da gestão atual. “Nunca foi enfrentado desta forma, com provocações e reflexões”. Já Lucimara Cruz, que também é Coordenadora da FASUBRA Sindical, reforçou que a presença da palestrante não é “algo novo” e alertou aos colegas sobre o cenário atual do país: “Nós, servidores, somos alvos em várias situações deste governo. Buscamos as instituições que representamos para que coloquem em pauta este tema e tomem atitudes”.

Para identificar casos de assédio, a professora Salete explicou que é necessário que haja uma repetição nos casos. Também é necessário que as provas sejam colhidas “para que possamos apresentar as autoridades responsáveis”. Ela pondera que ainda não existe uma lei específica que “puna os assediadores”, mas que o “fator principal” para o combate a prática é “a comunicação”.

Por fim, Valmiro reiterou o posicionamento contra as práticas de assédio do Sindicato, além de cobrar das instituições medidas que consigam proteger os servidores. “Estes debates fortalecem a categoria, fortalece o Sindicato. A ASSUFBA é isso, é luta em defesa dos servidores. É isto que estes 40 anos significam”.

Quer saber como foi na íntegra esta mesa? Confere aqui embaixo: