Movimento feminista é tema de colóquio internacional

A cidade mais negra fora do continente africano foi o lugar escolhido para sediar o Colóquio Internacional de Mulheres, que teve início no dia 25 de julho, data em que se celebra o Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha.

Promovido pela Federação Democrática Internacional de Mulheres (FDIM ), em parceria com a  União Brasileira de Mulheres (UBM), o evento acontece nos dias 25 e 26 de julho e reúne feministas da América Latina e do Caribe.  Com  a temática “O movimento de mulheres e os partidos de esquerda nos governos da América Latina” o encontro congregou, na sede do Ministério Público , no Centro Administrativo da Bahia,  feministas  de países como Argentina, Brasil, Cuba, El Salvador, Equador, Uruguai e Venezuela, com o objetivo de “discutir o papel dos movimentos feministas e de mulheres diante da nova realidade de governos de esquerda e progressistas na América Latina, seus avanços e contradições”.
Partido brasileiro com o maior índice de mulheres em cargos eletivos no parlamento, o PCdoB esteve representando por dirigentes e parlamentares.  Estiveram presentes no colóquio, a deputada federal e secretária estadual da Mulher (BA), Alice Portugal; a secretária nacional da Mulher, Liége Rocha; a secretária estadual de Comunicação (BA), Julieta Palmeira; a secretária municipal de Mulher, Rosa de Souza; a chefe de gabinete da Secretaria de Trabalho, Renda e Esporte (Setre), Olívia Santana, além de militantes do partido.
Uma das principais articuladoras para aprovação da Lei Maria da Penha e ex-coordenadora da bancada feminina na Câmara dos Deputados, Alice Portugal ponderou que, apesar de as cotas eleitorais de gênero nos partidos políticos não serem respeitadas no Brasil, a Lei Maria da Penha é uma das mais avançadas do mundo na proteção da mulher.
Alice Portugal defende  Reforma Política com corte de gênero

Alice Portugal defende Reforma Política com corte de gênero

Baixa representatividade

A deputada falou sobre a baixa representatividade da mulher no parlamento brasileiro,  defendeu uma reforma política com corte de gênero e abordou, ainda, diferenças da legislação eleitoral dos países latino-americanos   e caribenhos, no que se refere à  participação da mulher na política.  “Dos 513, deputados federais  somos apenas 45 mulheres, alternando entre 45 e 46 há muitos anos. Portanto, somos menos de 10% do parlamento de um país continental, onde 52% da população é de mulheres e 51% do eleitorado é feminino. Ainda temos uma precária participação nos espaços de poder. Este colóquio levará as mulheres a uma imersão, uma comparação das formas de participação política nos diversos países aqui representados”, asseverou Alice.
Uma das organizadoras do evento, a coordenadora da UBM, Daniele Costa, considerou que os direitos das mulheres avançaram  na América Latina, em função da consolidação  de governos progressistas que promoveram “espaços institucionais” propícios à reverberação, pelos movimentos sociais, da agenda das mulheres. “Por isso, esse é um momento importante de diálogo e a sociedade precisa valorizar isso pra que a gente possa avançar em direitos sociais”, argumentou Daniele.
Ao fim do colóquio, feministas vão redigir carta de posicionamento de mulheres

Ao fim do colóquio, feministas vão redigir carta de posicionamento de mulheres

Solidariedade

Liége Rocha coordenou os trabalhos na manhã do primeiro dia do evento, quando declarou que o encontro é uma oportunidade para se reforçar a solidariedade de gênero. “Para as mulheres, a solidariedade é fundamental para garantir a soberania dos povos, para  garantir a soberania nacional e um fortalecimento da luta das mulheres, numa perspectiva emancipacionista”, opinou.
Representante da Venezuela, Nora Castanhede destacou o papel decisivo do ex-presidente venezuleano Hugo Chàvez na afirmação da mulher de seu páis. A feminista reforçou a importância da troca de histórias de luta entre mulheres. “Pretendemos mostrar nossas experiências diante do problema de estabelecer uma democracia protagonista. Apesar de não estar mais entre nós, Chávez deixou muita coisa nesse sentido”, disse.
A primeira mesa do colóquio tratou exatamente da relação entre governos de esquerda e movimentos sociais. Entre as organizações parcerias do evento estão as secretarias estaduais de Políticas para as Mulheres (SPM), do Trabalho, Renda e Esporte (Setre), do Turismo (Setur), Bahiatursa, Bahiagás, além do Ministério Público (MP), Central de Trabalhadoras e Trabalhadores do Brasil (CTB).
Ao fim do colóquio, as feministas  redigirão uma carta que registre o  posicionamento das mulheres que participaram do encontro. O documento circulará na rede de mulheres na América Latina e no Caribe .
Fonte: aliceportugal.org.br / Susana Hamilton