Presidente da Andifes classifica proposta atual do Future-se como ‘pressão política estranha’

Por João Carlos Salles*

O novo texto do Programa Universidades e Institutos Empreendedores e Inovadores – Future-se, publicado nesta sexta-feira pelo MEC (Diário Oficial da União, de 03 de janeiro de 2020) e submetido a consulta pública, será certamente objeto de debate em nossa comunidade. Como sempre, cada instituição não deixará de fazer a análise mais detida. Entretanto, sendo essa a terceira versão da proposta, já conhecemos e reconhecemos seus termos e sua estratégia. O governo mantém suas convicções: e são tão fortes que ele não recua mesmo em pontos já fortemente questionados, nem sequer após a rejeição das versões anteriores por nossas universidades.

Com efeito, mantém-se na proposta atual a agressão à autonomia universitária. Continua a interferência na gestão de contratos (por fundações ou organizações sociais), mas também na orientação didático-científica de nossas instituições, com a indicação de disciplinas que devem ser oferecidas ou acrescentadas ou de focos temáticos que terão prioridade.

Há aqui inclusive uma pressão política nova e estranha, pois se subordina, preferencialmente, a concessão de recursos da CAPES ao Programa Future-se e não à necessidade e à política mais ampla de aperfeiçoamento e formação de pessoal de nível superior. Por isso, sendo unilateral a proposta e estando focada em uma concepção de inovação e empreendedorismo estreita, não está à altura da riqueza e da diversidade de nossas instituições.

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*João Carlos Salles é presidente da Andifes e reitor da UFBA.