Reitoria da UFPR recua e movimento grevista conquista nova vitória parcial

Após denúncia feita pelo Sinditest, Reitoria da UFPR volta atrás e desiste de fazer parte do “polo ativo” da ação que pretende criminalizar a greve no HC

Na “Audiência de Conciliação” realizada na Justiça Federal no dia 24 de abril, a Reitoria da UFPR e a Direção-Geral do HC, representadas pelos seus procuradores, solicitaram à juíza Soraia Tullio que deixassem de ser réus na ação aberta pelo Ministério Público Federal, cujo objetivo é cassar o direito de greve dos trabalhadores do Hospital de Clínicas e responsabilizá-los pelo “caos” instaurado no hospital.

Como todos sabem, o “caos” é consequência do sucateamento praticado intencionalmente pelo Governo Federal para promover a privatização (EBSERH). Apesar disso, o Ministério Público Federal, na figura da Procuradora dos Direitos do Cidadão, Antônia Lélia Sanches, insiste em tentar responsabilizar os trabalhadores pelos leitos fechados e pelos problemas de falta de atendimento… Essa acusação infundada e perniciosa é a base da ação civil pública e da liminar que obrigou os trabalhadores do HC a suspenderem momentaneamente a greve. Era a esses argumentos que a Reitoria da UFPR estava aderindo ao solicitar sua inclusão no polo ativo da ação.

“CONVERGÊNCIA DE INTERESSES” ENTRE OS ACUSADORES

Conforme o registro no termo de audiência (confira), “dada a convergência de interesses” entre a Reitoria da UFPR e o Ministério Público Federal, não haveria razão para que o Reitor da UFPR continuasse a ser réu no processo, uma vez que ele adotou todas as recomendações da liminar de cassação do direito de greve, incluindo o corte de ponto e as ameaças de instauração de PAD contra os trabalhadores do HC em greve.

Após a audiência o sindicato publicou nota (confira aqui) denunciando essa postura da UFPR, que além de questionável sob vários aspectos, contraria frontalmente o teor da Moção de Apoio ao movimento grevista aprovada no mesmo dia 24 de abril pela instância máxima de deliberação da UFPR, o Conselho Universitário (COUN).

UM RECUO NO DIA SEGUINTE

A repercussão dessa iniciativa da Reitoria foi fortemente negativa e obrigou o trio Zaki-Mulinari-Flávio a mudar de ideia já no dia seguinte. Conforme o documento em anexo (confira) a UFPR solicitou a sua exclusão do polo ativo da ação. Afinal, é muito melhor atacar os trabalhadores posando de vítima de uma decisão judicial, do que fazer a mesma coisa abertamente na função de carrasco do movimento grevista.

REITORIA DA UFPR E DIREÇÃO-GERAL DO HC NÃO CONSEGUEM ESCONDER SUA HOSTILIDADE À GREVE DOS SERVIDORES TÉCNICO-ADMINISTRATIVOS

Tanto a Moção de Apoio quanto esse recuo da Reitoria são vitórias parciais dos trabalhadores, importantes por seu significado político. Elas só foram conquistadas graças à pressão e à luta. AMoção de Apoio por parte do COUN só saiu graças à mobilização dos técnicos, que ocuparam a Sala de Sessões do Conselho no dia 24 de abril. Se isso não acontecesse, o assunto sequer entraria na pauta. Da mesma forma, a Reitoria desistiu de figurar como parte da acusação junto com o MPF apenas graças à repercussão da denúncia feita pelo sindicato.

MOÇÃO DE APOIO INVISÍVEL

A prova dessa hostilidade do Reitor Zaki Akel e de sua equipe aos servidores da instituição é a condução política tendenciosa da Assessoria de Comunicação Social da UFPR, que é usada a bel-prazer pela Reitoria para promover suas ideias políticas. Quando saiu a liminar de cassação do direito de greve no HC, a íntegra do documento foi publicada no site da UFPR às 18:01 da quinta-feira 17 de abril, véspera do feriado prolongado! A pressa em publicar o teor do mandado de intimação visava atemorizar os trabalhadores em greve e obrigá-los a retornar ao trabalho.

Em contrapartida, a Moção de Apoio ao movimento grevista aprovada pelo COUN no dia 24 de abril não foi publicada até agora: a Reitoria da UFPR finge que ela não existe, e não vai solicitar à sua Assessoria de Comunicação que publique no site, evidentemente. Há uma razão para que essa moção permaneça escondida: ela contraria todas as ações de sabotagem contra o movimento grevista praticadas até agora pelo Reitor Zaki Akel Sobrinho e o Diretor Geral do HC, Flávio Tomasich.

UM DESAFIO AO VICE-REITOR ROGÉRIO MULINARI

Na sessão do CEPE (Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão) realizada na sexta-feira 25 de abril, o Vice-Reitor Rogério Andrade Mulinari afirmou que “o sindicato é mentiroso”, por termos denunciado a postura da UFPR na “Audiência de Conciliação” citada.

Ora, quem teve de rever a própria posição frente à Justiça Federal foi a Reitoria, e não o sindicato.Por acaso o Vice-Reitor vai publicar uma autocrítica por ter resolvido atacar a greve junto com o MPF na audiência de conciliação, pisando em cima da Moção de Apoio do COUN?

Ou a Reitoria vai colocar em prática o conteúdo da Moção de Apoio aprovada por unanimidade, recorrendo imediatamente contra a decisão liminar? Até agora, a UFPR não recorreu. Pelo contrário, atuou firmemente contra os servidores técnico-administrativos do HC em greve, mostrando na prática o significado de sua “convergência de interesses” com o MPF. Quem está mentindo nessa história toda?

Fonte: http://www.sinditest.org.br/