Segurança na UFBA. Reunião com as Entidades Representativas dialogam sobre o tema

Na tarde desta terça-feira (21/08) aconteceu no Sala do Gabinete da Reitoria da UFBA a reunião com as Entidades Representativas da Comunidade Universitária (ASSUFBA, APUB e DCE) para tratar sobre a Segurança da UFBA com reitor Professor João Carlos Salles. A reunião foi o primeiro ato da  gestão do Reitor, reconduzido ao cargo nesta segunda (20/08), para a administração do período 2018-2022.

Gestão Sindicato é Para Lutar marca presença

Renato Jorge, Coordenador Geral da ASSUFBA, perguntou à reitoria a respeito dos números dos gastos com vigilantes, quais competências são atribuídas a esses funcionários e sugeriu uma maior transparência nesse quadro como uma forma de mapeamento das funções desses trabalhadores terceirizados.

Jorge reforçou a importância de contratação de mais vigilantes mulheres. Ainda foi endossado que os vigilantes recebem muito pouco se comparado ao montante que a universidade paga à empresa que presta o serviço de segurança.

O pedido e os questionamentos do coordenador-geral da ASSUFBA foram acolhidos pelo reitor que informou o gasto orçamentário de 20 milhões anuais destinados à empresa de segurança terceiriza e se mostrou aberto a mudanças no próximo contrato no que se refere a uma maior contratação de vigilantes mulheres.

Salles reforçou que as articulações devem ser feitas entre as entidades da UFBA, visto que o momento de crises que as universidades públicas enfrentam de cortes e desmontes requer uma maior unidade de ação em defesa da instituição.

Cordialidade entre as entidades

A reunião manteve um tom de cordialidade entre os representantes e o reitor. “Precisamos estreitar os laços entre aqueles que acreditam na universidade”, afirmou Salles. Os participantes lançaram propostas e escutaram atentamente ao Magnífico, que demonstrou estar inteirado sobre as diversas violências existentes na UFBA, não só às ações relacionadas a roubos e sequestros.

No percurso do debate democrático, João Salles ressaltou que a UFBA é um organismo complexo e que o pensamento de segurança perpassa por diversos âmbitos, não só de preparação dos vigilantes, mas pelo entendimento de que o espaço universitário deve estar em harmonia com a comunidade.  

Valmiro dos Santos, Coordenador de Formação Sindical da ASSUFBA, lembrou quando participou de um curso de Brigadista de Incêndios e lhe chamou a atenção a linguagem policial usada que não é equivalente com o tratamento a ser adotado na universidade.

matéria segurança

Coordenadores da ASSUFBA atentos ao debate sobre segurança

 

Instrumentos de combate à violência na UFBA

O reitor colocou que a UFBA tem utilizado mecanismos diversos para o combate à violência. Recentemente foi elaborado um Grupo de Trabalho em Segurança que já deu resultados e tem propostas no sentido de combate às ações violentas  no interior da universidade. Também foi lembrada a existência da Coordenação de Segurança da UFBA, que é um serviço de inteligência que tem se aprimorado na cobertura dos casos.

Ricardo Carvalho, Vice-Presidente da APUB, professor lotado na Escola Politécnica da UFBA, comentou que este momento em que as entidades representantes da comunidade universitária estão reunidas para enfrentar um grave problema reflete muito os entraves sociais vividos no período recente. “Nós estamos enfrentando um momento em que há setores da sociedade bastante conservadores nos hábitos e nos costumes, o que nos traz a problemas enquanto entidade representativa e temos que nos capacitar para enfrentar os mais variados problemas sempre de forma democrática”.

Na ocasião foi proposto a realização de um Seminário para uma ampla reflexão e construção de um modelo de segurança que atenda às complexidades da universidade. “O seminário é um dos instrumentos para refletir sobre a singularidade do que é a segurança no ambiente universitário, levando em consideração a história e as características da Universidade Federal da Bahia”, afirmou Salles.

Complexidade da segurança universitária 

As complexidades e singularidades da universidade foram pontuadas pelos participantes da reunião como uma questão muito delicada devido ao atual período de conservadorismo que se alastra pela sociedade e ameaça o ambiente universitário. “Temos que levar em consideração as questões de gênero, raça e as questões mais diversas relativas à discriminação na universidade e à exclusão como outras formas de violência”, complementou o reitor. Não foi cogitada por nenhuma das partes envolvidas uma polícia de costumes dentro da UFBA.

Outra proposta lançada pela reitoria foi a criação do UFBA Card, que funcionará como instrumento de identificação. O reitor reforça que o UFBA Card é apenas um instrumento de identificação e que não significa a exclusão dos cidadãos do território da universidade.

Proposta do Observatório de Direitos Humanos 

O DCE saudou a importância da construção coletiva de um pensamento para a segurança na universidade e que a voz dos estudantes seja ativa, ouvida e levada em consideração sempre.

No mês de julho, três mulheres estudantes foram estupradas na UFBA e uma servidora Técnico-Administrativa em Educação foi sequestrada no estacionamento do Hospital Universitário.

Neste panorama, Raquel Franco, estudante de Produção Cultural e Diretora do DCE, pede uma atenção especial para a formação de um Observatório de Direitos Humanos dentro da universidade para que mulheres possam ser acolhidas e seus agressores constrangidos. “Precisamos pensar em estratégias que possam ser de fato efetivas para os e as estudantes em uma articulação visando a lógica da ocupação dos campi”, afirma a estudante.