Servidor da UFRB recebe prêmio de Poesia

O jornalista Elton Coutinho, nosso entrevistado, é técnico-administrativo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), tem 25 anos e é formado pela mesma instituição.  É chefe do Núcleo Administrativo do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL/UFRB), e faz mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais pela mesma Universidade, na Linha de Pesquisa Identidade e Diversidade Cultural. Na entrevista, o jovem escritor coloca questões referentes ao Prêmio que receberá.

Ascom ASSUFBA- Recentemente você participou do Prêmio de Poesia Damário Dacruz, em 2013. Queria saber sobre o prêmio e se costuma participar de outros eventos como este?

Elton Coutinho – O Prêmio de Poesia Damário Dacruz será o primeiro que receberei. Nunca havia participado de um concurso dessa categoria e, felizmente, meu poema foi selecionado. Neste poema, “Pecado Meramente Social”, entrego-me em versos, a uma paixão platônica homoafetiva que tive ainda enquanto estudante de graduação, mas que se intensificou quando me tornei servidor da Universidade. Nunca nos envolvemos e hoje só mantemos uma relação de amizade. Ele não sabe da existência do poema, mas sabe que um dia fui apaixonado por ele. Considero um poema simples, mas com uma carga de sentimento intensa, talvez por esse motivo, foi selecionado entre tantos inscritos. Acredito na classificação também pela minha ousadia ao divulgar uma paixão por uma pessoa do mesmo sexo. Espero que os leitores tenham outras interpretações, isso enriquece a poesia.

AA – Quando começou o interesse pela poesia?

EC – Tudo começou logo que perdi o meu pai, em 2007, mesmo período que ingressei na UFRB, em Cachoeira, que por si só carregada muita poesia. Quando meu pai faleceu, personalizei uma camisa com uma foto dele e com o Soneto “A meu pai morto”, de Augusto dos Anjos. Esse Soneto descrevia a sensação da morte do pai de Anjos, no interessante da madrugada de treze de janeiro, mesma madrugada que meu pai faleceu, anos depois. Esse poema me marcou tanto que escrevi um conto com esse título e tatuei essa frase em meu corpo. Na madrugada de treze de janeiro morria o meu pai e nascia um poeta. A partir desse poema tive contato com o grande poeta Damário Dacruz. Tive o prazer de trabalhar por três anos como Assessor do Pouso da Palavra, uma Casa de Cultura idealizada por ele, e morar, em sua residência. Vestido com aquela camisa num recital, Damário leu o poema e sensibilizou-se com a história. Ali, ganhei um amigo, depois, um chefe, um confidente e, por fim, um biografado. Nesse tempo me alimentei de poesia. Considero-me como um poeta ainda em construção, apenas como uma pessoa que escreve poemas e isso não é o suficiente para se tornar poeta. Porém, continuo a aprender e a escrever versos, alguns escondidos, outros revelados.

AA – O poema já foi publicado? Houve uma seleção e o poema “Pecado Moralmente Social” será divulgado em uma coletânea juntamente com outros 39 poemas selecionados. Já foi publicado nessa coletânea?  

EC – O poema ainda não foi publicado e, por isso, não posso divulgá-lo. Essa coletânea será lançada pela Fundação Pedro Calmon. Estou muito animado com o livro, já que será o meu primeiro poema divulgado. Também este ano, logo após o Prêmio Damário Dacruz de Poesia, me inscrevi no Concurso Nacional Novos Poetas Prêmio Sarau Brasil 2013 e fui classificado, também com publicação em livro. Esse Concurso de cunho Nacional houve uma repercussão maior por terem mais de dois mil inscritos de todo o país e apenas 250 selecionados. O título deste poema é “(In)juras de amor”, onde descrevo um amor que não desejo, mas final revelo que são versos mentirosos e que tenho tantos desejos que nem o meu maior segredo seria capaz de esconder.

AA – Você se considera uma pessoa romântica? Todos os seus poemas falam de amor?

Considero-me um cara romântico, mas não tão sentimental. Somente a maioria dos meus poemas ainda não revelados traz essa carga. Trago o romantismo na medida certa evitando ao máximo os clichês. Um ponto forte dos meus versos é a descrição passo-a-passo de cada momento. Tento inserir o leitor no meu contexto através de um enredo, fazendo com o público sinta-se pertencente a tal sentimento. Seria como uma canção que se encaixa ao momento de cada pessoa.

Poema_Elton

 
Fonte: ASCOM ASSUFBA Sindicato