Sob forte repressão, estudantes e trabalhadores protestam contra PEC 55 votada agora pelo Senado

Nesta terça-feira (29), 30 mil pessoas, entre estudantes, trabalhadores, entidades sindicais e movimentos sociais, saíram em protesto da Esplanada dos Ministérios até o Congresso Nacional contra a medida de ajuste proposta por Michel Temer.

Durante o ato, como nos tempos sombrios da ditadura, os manifestantes, entre eles idosos e crianças, foram fortemente reprimidos pela Polícia Militar com gás de pimenta e bombas de efeito moral, evacuando totalmente a mobilização.

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Caravanas de diversos estados vieram ao Distrito Federal, na tentativa de convencer os senadores a votarem contra o projeto vendido pelo governo como solução para reativar a economia do País. O movimento se concentrou no Museu da República e de lá seguiu em uma caminhada pacífica rumo ao Congresso, onde ainda ocorre a votação da PEC 55.

Para passar, a Proposta de Emenda à Constituição 55 precisa do apoio de pelo menos 49 dos 81 senadores, nos dois turnos. Se for aprovada hoje, a próxima votação ocorrerá no dia 13 de dezembro.

Na Casa, diversas lideranças e parlamentares falaram ao Portal CTB sobre os efeitos negativos da proposta e a importância da manifestação popular contra a medida. Para o ex-ministro da Justiça, Eugênio Aragão, a PEC 55 põe fim aos programas sociais, retira direitos e precariza serviços básicos oferecidos à população.

“No momento em que se cria um teto de gastos, surge a dificuldade em implementar novos programas sociais, políticas públicas, o que, em termos de atendimento à população, é extremamente frustrante. Estamos em um momento em que a gente quer crescer em direitos e não estagnar. Por outro lado,  [a PEC] também promove uma enorme fragmentação do Estado, porque vai haver uma briga enorme entre os setores por essa quantidade  muito limitada de recursos para dividir, prejudicando ainda mais a eficiência do atendimento. Se atende Educação, Saúde, ou o “Minha Casa, Minha Vida”? Isso provocará no serviço público uma disputa pela prevalência de um programa sobre o outro, estagnando o Estado.

A senadora Vanessa Grazziotin disse que a PEC tem pouca chance de ser barrada no Senado neste primeiro turno, mas acredita que se a mobilização popular prosseguir, o cenário pode mudar.

“A maior parte dos senadores, estão decididos a aprovar essa medida, porque, no fundo, essa é a razão de ser do golpe. Eles protagonizaram a saída da Dilma e a entrada do Temer, se sentem-se participes disso, consociados desse projeto. Eu creio que se a gente tiver mais algum tempinho de mobilização o quadro poderá mudar na próxima votação. Acho que é remota, mas existe essa possibilidade, porque esse governo vive uma situação de completa instabilidade”, avaliou.

Carina Vitral, presidente da UNE, acredita que a voz das ruas pode sensibilizar os senadores. “Hoje estou aqui em Brasília, estudantes de todo o Brasil vieram junto para lutar contra a PEC e barrar essa medida. Então, acho que essa manifestação contribui para que a voz das ruas ecoe aqui dentro [do Congresso] e sensibilize os senadores diante disso. Essa é a nossa expectativa”, declarou.

Para a deputada do PCdoB-RJ, Jandira Feghali, o Congresso está descomprometido com os interesses da população, mas acredita que o povo precisa resistir e continuar a luta contra a agenda regressiva do governo.

“Eu tenho observado que essa Casa está muito insensível às demandas da sociedade, aos gritos que ela dá e às grandes mobilizações que a gente tem feito. Mas nós não podemos deixar de fazer mobilização porque isso acumula e em algum momento nós vamos conseguir virar esse jogo. Eu espero que o Senado tenha alguma sensibilidade, mas a informação que divulgam, o tempo inteiro, é de que já tem consolidado a maioria para aprovação. Mas a manifestação é fundamental que permaneça, porque não há outra forma de virar esse jogo a não ser na rua”, concluiu.

Fonte: CTB