“A reforma vem para que o cidadão contrate uma previdência privada”, denuncia especialista

Nesta terça-feira (24/1), a Previdência Social brasileira completa 94 anos de sua criação, através da Lei Eloy Chaves. O mecanismo representa uma importante conquista aos cidadãos, pois consiste num seguro que garante uma renda ao contribuinte e seus familiares em casos como acidente, morte, velhice, entre outras situações.

Atualmente, o Governo Federal propõe uma série de mudanças no sistema previdenciário do Brasil com a falácia de que a previdência é deficitária. A fim de desmentir esse argumento a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) realizou na semana passada uma plenária estadual com a professora da UFRJ e especialista em política fiscal e previdência, Denise Lobato Gentil, que apresentou diversos dados que contradizem o Governo.

Ao longo de sua apresentação, Denise explicou que o Governo é quem provoca o déficit através da desindustrialização; da desvinculação das receitas da União (DRU), que em 2017 permitirá desvincular R$ 120 bilhões; e das desonerações, que só em 2015 foram de mais de R$157 bilhões, referente a quase 3% do PIB.

Além disso, na conta única do Tesouro Nacional, que funciona como uma conta corrente do Governo Federal, há R$ 921 bilhões como saldo positivo. Um dinheiro, que, segundo Denise, deveria ser gasto antes de propor medidas que prejudicam diretamente o povo brasileiro.

A professora afirmou também que o Governo atende os interesses dos bancos, proprietários de títulos públicos, burocratas e bancadas do Congresso. Para validar essa tese, Denise apresentou a agenda de Michel Temer, que desde que assumiu a presidência, mantem reuniões regulares com representantes de bancos e apenas uma vez se reuniu com dirigentes de centrais sindicais para discutir a reforma da previdência.

Ao finalizar sua apresentação, Denise disse: “a reforma de previdência não vem para sanar as contas públicas, mas para que o cidadão seja obrigado a contratar uma previdência privada. O que deveria ser discutido é uma reforma de política monetária e não da previdência”.

Fonte: CTB-RS