Manifestação das centrais contra sucessivos aumentos na taxa de juros
As seis centrais sindicais: NCST, CUT, CTB, UGT, Força Sindical e CGTB protestaram, em frente ao prédio do Banco Central do Brasil, em Brasília, contra os sucessivos aumentos nas taxas de juros no momento em que o Comitê de Política Monetária (Copom) inicia a última reunião do ano para estabelecer o novo porcentual da taxa Selic (taxa básica de juros). No mercado há uma aposta unânime de uma nova alta que reajustará a taxa básica dos atuais 9,50% ao ano, para 10%, retomando os dois dígitos depois de quase dois anos.
O movimento sindical cobra mudanças na política monetária, alegando que as sucessivas altas na taxa básica de juros favorecem apenas o sistema financeiro prejudicando diretamente a atividade produtiva.
Veja o posicionamento das centrais sobre o assunto:
Para o diretor de Assuntos Parlamentares da Nova Central, “Nesse momento, o governo não pode permitir que a taxa de juro continue galopante e penalizando os trabalhadores. Pois estes não têm reajustes salariais que acompanhem as perdas inflacionárias e os juros que, ao aumentarem por determinação Banco Central, acabam sendo repassados para o conjunto da sociedade. Por isso, a importância desse momento em que as centrais sindicais se reúnem para cobrar essa fatura do governo”, disse o representante da Nova Central, Luiz Gonzaga de Negreiros.
O secretário-adjunto de Relações do Trabalho da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Pedro Armegol, defendeu: “a política da alta da taxa de juros que vêm se dando, sobretudo em 2013, é prejudicial para toda a sociedade. Para os serviços públicos ela é mais prejudicial ainda, porque ela retira recursos dos investimentos públicos para se financiar uma dívida púbica interna a partir de um capital imobilizado que não gera riqueza. Esperamos que o comitê do Branco Central tenha essa compreensão para o bem do Brasil, para o bem da sociedade e para o bem do serviço público brasileiro”.
O secretário-geral da CTB, Wagner Gomes, também demonstrou insatisfação com a alta dos juros: “a consequência imediata desse aumento pode provocar uma redução significativa dos investimentos na indústria. Para os donos do capital, com o aumento da taxa de juros, torna-se interessante deixar de investir na atividade produtiva para investir na ciranda financeira, que não distribui renda nem gera empregos. Portanto, a alta de juros provoca recessão e intensifica as desigualdades no nosso país”, informou.
“ O conjunto das empresas, sejam elas grandes ou pequenas, repassam todos os custos desses juros para o consumidor. Isso atinge em cheio o trabalhador brasileiro no ponto principal, que é a sua qualidade de vida, sua capacidade produção, sua saúde e seu bem-estar. Enquanto isso, na farra dos ganhos por juros, o capital especulativo saqueia todo o nosso dinheiro, todo o nosso capital, todo o nosso crescimento e os envia para fora do Brasil. Isso é inaceitável!”, argumentou o presidente da UGT-DF, Isaú Joaquim Chacon.
“Um dos efeitos mais nefastos do aumento da taxa de juros se dá com “a redução do poder de compra do trabalhador em consequência de aumentos que, inevitavelmente serão repassados à ele, e impactar diretamente nas prestações para o financiamento de imóveis, carros e outras mercadorias que ficarão mais caras. Além disso, fica difícil para os empresários do setor produtivo gerar mais empregos e produzir no nosso país. Esse conjunto de fatores é altamente prejudicial para a sociedade brasileira”, afirmou o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, “Juruna”.
“A consequência direta do aumento da taxa de juros reflete em “estagnação econômica, enfraquecimento do mercado interno, desindustrialização e volatilidade cambial que favorece o aumento das importações e prejudica o mercado de trabalho no nosso país. Precisamos mudar essa lógica que está seguindo a mesma cartilha de retração econômica adotada no governo Fernando Henrique. Somente no ano passado, o Brasil entregou para o capital financeiro internacional, via superávit primário, nada menos que R$ 230 bilhões. A presidenta Dilma foi eleita com o voto do povo e com amplo apoio das centrais. É chegada a hora de mostrar qual lado ela está”, finaliza o presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Ubiraci Dantas de Oliveira, “Bira”.
Decisão do Copom será anunciada nesta quarta-feira (27) após as 18h pelo Banco Central.
Fonte: http://www.cspb.org.br