Trabalhadores da construção pesada devem cruzar braços em março

Os trabalhadores da Indústria da Construção Pesada prometem cruzar os braços caso o governo federal e o sindicato patronal não firmem apoio em favor de uma pauta de reivindicações que dentre os pontos chaves está o piso unificado para a categoria em todos os estados em que há cidades sede para a realização dos jogos da Copa de 2014.

A informação é do presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada e Montagem Industrial da Bahia, Sintepav, Adalberto Galvão, que também é secretário geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria da Construção.

“Iniciamos as conversas em maio do ano passado. Grande parte das empresas que estão realizando as obras dos estádios da Copa do Mundo também estão a frente das obras de mobilidade urbana. Exigimos melhores condições de trabalho a todos. É inadmissível que haja diferenças salariais gritantes entre os estados quando as obras são fruto de licitação”, declara.

Galvão alertou para um ponto importante que sempre está presente nas discussões: a celeridade. “Existem dois grandes desafios. O primeiro deles diz respeito ao prazo de entrega das obras, em tempo hábil, para atender ao cronograma dos jogos.

Outro é a aceleração do ritmo dos trabalhos. Estamos desde maio passado discutindo junto ao governo e sindicatos patronais um acordo para o estabelecimento de diálogos para evitar que o Brasil passe por um vexame internacional pela não entrega das obras a tempo. Também não queremos que a culpa disso recaia sobre os ombros dos trabalhadores”, defende.

Entre as reclamações dos trabalhadores, Adalberto Galvão chama atenção para a discrepância salarial pagas entre as demais regiões da federação. “Um servente em São Paulo recebe R$ 920, já na Bahia R$ 620. Um oficial que inclui pedreiros e marceneiros, por exemplo, em São Paulo recebe R$ 1.400,00 e na Bahia R$ 1.040,00

Essa distinção salarial só serve para aprofundar a pobreza e as discrepâncias regionais. O trabalhador baiano tem a mesma qualificação profissional que o trabalhador paulista”, reclama. Galvão questiona que, se todas as obras em curso no país para a Copa são fruto de licitação, o porquê das distorções salariais.

“Outros pontos em pauta envolvem a cesta básica. Solicitamos que ela seja unificada para os valores de R$ 300,00; plano de assistência médica para empregados e dependentes gratuitamente; horas extras de 100% durante a semana, sábado de 120% e domingos e feriados de 150%. O trabalhador precisa repousar, pois nossa atividade é de risco. Se o patronato exige que o trabalhador abra mão de sua hora de folga, que pague valores condizentes uma vez que estamos mais sujeitos a acidentes”, cita.

Categoria reivindica condições mais justas

O presidente do Sintepav diz que o legado da Copa de 2014 é algo muito importante para o país, no entanto as condições precisam ser mais justas e igualitárias aos trabalhadores de diferentes regiões do país. “No próximo dia 6 de março estaremos entregando a pauta de reivindicações em Brasília.

Enviaremos ao Ministério do Trabalho, Ministério Público do Trabalho, Tribunal Superior do Trabalho, Confederação Nacional da Indústria e Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada. A mobilização será feita em todos os estados cujas cidades são sedes. Serão estabelecidos acordos de até 30 dias para que o governo e o patronato se manifestem sobre nosso pleito. Caso contrário, faremos paralisação”, diz.

Adalberto Galvão ressalta que a construção tem sido um setor com imensa responsabilidade na geração de empregos e riquezas para o país. “Em 2010 o setor cresceu 12% e movimentou R$ 250 bilhões. Para 2011 a projeção é ainda superior.

A construção civil impediu que a crise econômica atingisse em cheio o país, gerando riquezas e expandindo o PIB e nada mais justo que uma agenda distributiva com uma media salarial mais igualitária. Pleiteamos um piso unificado de R$ 1.500,00 para o cargo de oficial em todo o país”, declara.

Fonte: Tribuna da Bahia